Dia 5, circularam 816 caminhões nos dois sentidos - Imigrantes e marginal Pinheiros. Duas semanas atrás, também uma segunda-feira (22 de março), foram 1.427. A medição ocorreu com um contador cedido pelo Datafolha. Antes de o trecho sul abrir, a reportagem contabilizou o tráfego na Bandeirantes por três dias. O pico ocorreu em 24 de março, quarta-feira: 1.595 caminhões. A queda no tráfego pesado na Bandeirantes, por onde circulavam 27 mil caminhões ao dia, comprova projeções feitas pela Secretaria de Estado dos Transportes. A diferença era visível - desapareceram os comboios formados por caminhões gigantescos e a Bandeirantes estava tomada por carros.
Embora a Secretaria Municipal dos Transportes espere uma queda de até 12% na lentidão em toda a cidade, essa melhora é temporária, segundo o economista Ciro Biderman, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas). O aumento da frota, diz ele, irá acabar diluindo os efeitos positivos da obra.
Dia 5, a CET registrou uma queda de 18% na lentidão média em toda a cidade, no período das 7h às 19h, na comparação com 22 de março. Foram 61 km de congestionamento médio nesse dia e 74 km naquela segunda-feira de março, logo após a inauguração da ampliação da marginal Tietê. O melhor resultado ocorreu exatamente na Bandeirantes (1 km dia 5 contra 4 km em 22 de março - 75% menos). A maioria das empresas de logística decidiu trocar o caminho por dentro de São Paulo para chegar ao porto de Santos e é clara a vantagem do trecho sul para o caminhoneiro, afirma o presidente do Setcesp (sindicato de transportadoras do Estado), Francisco Pelucio. Ele avalia que ainda mais caminhões desviarão da marginal assim que o trecho sul e os acessos estiverem mais bem sinalizados.
A redução do tráfego pesado - passam pela avenida caminhões com até nove eixos - não foi o único efeito positivo na Bandeirantes. No local em que a Folha permaneceu, um posto de combustíveis bem próximo ao viaduto da Avenida Washington Luís, não se sente mais o chão tremer, resultado do peso dos veículos. Ali, já é possível falar ao telefone e ouvir o barulho das turbinas dos aviões no aeroporto de Congonhas. Empresas ainda avaliam se vale usar o Rodoanel
Grandes empresas do setor de transportes ainda devem aguardar um período de mais um mês até decidir se compensa, em custos e produtividade, trocar a rota marginal Pinheiros-Avenida dos Bandeirantes pelo trecho sul do Rodoanel.
Ao menos nos primeiros dias, conforme balanço da Secretaria de Estado dos Transportes, o trecho sul do Rodoanel confirmou sua esperada vocação para o tráfego de cargas. No primeiro dia de operação, a partir das 6h de quinta, os veículos pesados representaram 35% do tráfego. Só na quinta, 29 mil veículos passaram pelo trecho sul, mas na Sexta-Feira Santa, com 24 horas de operação, o número caiu para 25,5 mil e somente 5% eram caminhões e ônibus.
Na semana passada, a Folha mostrou que um carro de passeio gastava até 50% mais, entre combustível e pedágio, ao optar por chegar ao início da Imigrantes pelo Rodoanel, na comparação com a rota antiga. Além disso, a partir de 2011 haverá praças de pedágio no trecho sul, cujo preço ainda será estabelecido quando ele for concedido à iniciativa privada. O teto da tarifa é de R$ 6,00.
Fonte: Folha de S. Paulo, 6 de abril de 2010