Em maio, dado mais recente, o número de veículos motorizados chegou a 23.520.527 em todo o Estado, dos quais 7.274.917 na capital. No período de um ano, houve acréscimo de 213.291 veículos na capital - crescimento de 3% - e de 1.159.526 fora de São Paulo - 7,6% mais. Só para comparar, o crescimento da população na capital é de 0,56% e no Estado, de 1,6% ao ano.
São José do Rio Preto lidera, proporcionalmente, o ranking de motorização, com 309.483 veículos (dados do Denatran de abril) para 408.435 habitantes (IBGE 2010), o que dá 1,31 habitante/automóvel.
A cidade tem 1,5 mil km de vias pavimentadas, mas o trânsito se concentra na região central. E o congestionamento não respeita mais horários. "Antigamente, a gente sabia que havia um horário de pico e tentava evitá-lo, mas hoje não tem mais isso. O trânsito fica pesado o dia todo e, quando chega o horário do rush da tarde, algumas avenidas praticamente param", diz o vendedor Marcos Augusto Ribeiro, morador de Catanduva, que trabalha em Rio Preto. "De uns anos para cá, tenho evitado visitar alguns clientes, principalmente no centro. Estou optando por fazer pedidos por telefone mesmo."
A prefeitura identificou 25 pontos de gargalo no tráfego. No início do ano, a Secretaria de Trânsito anunciou investimentos para sincronizar os semáforos, mas a medida deu pouco resultado. Um dos motivos é que a cidade recebe milhares de veículos de cidades vizinhas, cujos motoristas procuram Rio Preto para trabalhar, fazer compras ou buscar atendimento médico, uma vez que a cidade é referência em saúde.
Um dos problemas é a saída da Rodovia Washington Luís (SP-310) para a Avenida Alberto Andaló. O acesso entre as vias é insuficiente para receber tantos veículos, que param em fila na rodovia. A prefeitura já estuda com o governo do Estado uma maneira de construir uma alça para facilitar o trânsito local.
Queixas
Segunda colocada no ranking de motorização, Araçatuba tem 135.008 veículos para 181.618 habitantes - 1,34 habitante/veículo - e já convive com o trânsito complicado. Há dez anos, a proporção era de 2,37 moradores por carro. Valinhos e Águas de São Pedro, com 1,38 morador por veículo, também registram problemas de mobilidade. Destino turístico, Águas tem 1.945 carros para 2.703 habitantes. Já Ribeirão Preto registra 1,39 habitante/veículo e tem no trânsito dos horários de pico uma das principais causas de reclamações dos moradores.
Cidades como Rio Claro e Jundiaí (1,41 morador por veículo), Indaiatuba e Birigui (1,44), Araraquara (1,48), Atibaia (1,49) e Americana (1,50) também têm maior proporção de carros por habitante do que a capital (1,54).
Capital como modelo
Para solucionar os problemas viários que vêm surgindo, municípios têm recorrido a experiências já testadas em São Paulo. A Urbes, empresa municipal de trânsito de Sorocaba, por exemplo, anunciou em junho a intenção de instalar duas faixas exclusivas para ônibus, para reduzir o tempo das viagens. Nessa cidade, com frota de 321.333 veículos, o motorista enfrenta congestionamentos em todos os horários do dia, apesar de o tráfego de caminhões estar restrito à área urbana.
Em Jundiaí, a prefeitura vai abrir licitação para a construção de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), uma espécie de metrô de superfície. Enquanto isso, Limeira pretende restringir o tráfego no anel viário, a rota mais congestionada da cidade.
1. Quais são explicações para o crescimento maior da frota no interior?
A saturação da capital, que tem levado empresas para as cidades médias mais próximas, e a economia mais consolidada do paulistano. A família da capital já possui o número suficiente de carros, o que ainda não acontece em todo o interior.
2. As políticas públicas também influenciam nesse cenário?
Há uma distorção, pois se incentiva o transporte individual e não se consegue resolver o problema do trânsito. Vemos áreas urbanas importantes sendo destruídas para a construção de mais vias.
3. O poder público pode tomar outras medidas, além da restrição de tráfego, para melhorar a fluidez do trânsito?
Há a lei dos polos geradores (adotada na capital), em que o investidor se obriga a mitigar o impacto no trânsito. É boa proposta, mas está vindo com atraso. Também se deve tirar de circulação veículos velhos, escalonar o horário de saída do trabalho, incentivar o transporte solidário e subsidiar o óleo diesel para ônibus.
4. E há soluções no cotidiano?
A internet passou a ser aliada, uma vez que possibilita à pessoa resolver muita coisa sem sair de casa.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 11 de julho de 2012