O papel de uma parcela das mulheres brasileiras, que são responsáveis únicas pelo orçamento doméstico e pela educação das crianças, é fundamental para a promoção do consumo consciente como hábito na sociedade.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, uma em cada três mulheres trabalhadoras nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil arca com a responsabilidade de comandar o lar sozinha.
Em números absolutos são 2,7 milhões de mulheres, com renda média em torno de R$ 900, sem contar a parcela muito maior daquelas que também exercem influência decisiva na composição do orçamento doméstico.
No dia 8 de março, dia Internacional da Mulher, é fundamental lembrar não só às mulheres responsáveis pelo orçamento doméstico, mas a todos, sobre a importância de planejar suas compras, buscando identificar suas reais necessidades e possibilidades. Mas antes de fazer os cálculos das receitas e despesas, é preciso estabelecer objetivos para a vida. É preciso saber que tipo de vida se quer ter e com qual qualidade. Só depois é possível calcular, com consciência, o orçamento e procurar um equilíbrio entre os objetivos estabelecidos e a realidade.
Quanto mais pessoas da família estiverem envolvidas no exercício orçamentário, mais consistentes serão as decisões. As cobranças dentro da família também passam a ser menores e é possível construir mais solidariedade entre os familiares. As mulheres que agem dessa forma ensinam seus filhos sobre uma maneira de ser em família, assim como sobre o consumo consciente do dinheiro.
É fundamental consumir com consciência o dinheiro e o crédito, buscando de um lado manter o equilíbrio entre os rendimentos e os gastos e, de outro, contribuindo para o equilíbrio dos recursos da sociedade e do meio ambiente.
Da mesma forma que os recursos individuais, os recursos da sociedade e do meio ambiente são finitos e, conseqüentemente, só serão sustentáveis a longo prazo pela colaboração de todos. Da mesma forma que na família a ação de cada indivíduo afeta a todos, identicamente ocorre na sociedade.
Um exemplo é a sonegação de impostos: quanto mais os indivíduos em uma sociedade sonegarem impostos, tanto maior será o percentual da carga tributária incidente sobre os produtos, os serviços e os rendimentos. Como conseqüência, maiores serão também os preços dos produtos que todos, incluindo o próprio sonegador, acabarão pagando, embutidos em tudo que compram, da gasolina ao feijão.
Desta forma, o orçamento consciente de uma família, ocorrendo a cada dia da vida dos familiares, será uma contribuição para a sustentabilidade planetária, especialmente se todos procurarem mobilizar seus amigos e conhecidos para a prática do consumo consciente.
Fonte: Site Instituto Akatu, 05 de março de 2007 - www.akatu.org.br