No cruzamento considerado mais perigoso pela Polícia Militar (PM), o da Avenida Henrique Schaumann com a Avenida Rebouças, os carros param a mais de 1 metro da faixa de pedestres para evitar abordagens. A PM admite o problema e alerta que a chamada "gangue dos rodinhos" tem atacado pedestres também.
No ano passado, 19 pessoas foram presas acusadas de assalto usando disfarce de limpador de vidro. Na quinta-feira, Anderson Barbosa foi detido em flagrante por assaltar uma mulher. Ao ser algemado, ele tentou morder os policiais e subiu na viatura.
Houve registros de assaltos também nos cruzamentos da Avenida Henrique Schaumann com Rua Teodoro Sampaio e da Avenida Rebouças com Rua Oscar Freire e Avenida Faria Lima - ali, a polícia identificou assaltantes que se vestem de terno e gravata e caminham entre os carros para roubar.
Cúmplices armados
Os motoristas são abordados quando estão distraídos. Foi o que aconteceu com o representante comercial Ricardo Augusto Munis da Ponte, assaltado na noite de 18 de dezembro quando ia para casa, no Morumbi, zona sul.
Parado no semáforo da Henrique Schaumann com a Rebouças, Ponte falava ao celular quando foi abordado por um adolescente com um rodinho. Acabou deixando o rapaz lavar o vidro, mas foi surpreendido por outro jovem quando pegava uma moeda para entregar ao primeiro. "Esse segundo menino veio de trás do carro e usava uma arma de verdade, era um 38", disse Ponte, que ficou sob a mira do revólver até entregar seu celular.
Dois dias antes, o farmacêutico Rodrigo Prudente foi assaltado no mesmo cruzamento. Eram 21h quando um menor surgiu em meio à multidão de lavadores com uma faca em punho. O garoto obrigou Prudente a entregar o relógio, o celular e o dinheiro - R$ 70.
Vítimas também relataram ataques durante o dia. A bancária Leila Silveira teve uma surpresa desagradável ao voltar ao estacionamento de uma lanchonete na Henrique Schaumann com a Rebouças: os vidros do carro estavam quebrados, o aparelho de som e os óculos escuros haviam sumido. Testemunhas viram dois meninos correndo com os objetos e rodinhos nas mãos.
Quem para nesse semáforo diz ter medo dos adolescentes. "Eles são agressivos e limpam o vidro sem que a gente queira", afirma o empresário Tiago Soares de Lima, que costuma parar bem antes do cruzamento. "Mesmo assim, uns correm atrás dos carros."
A estudante Ana Carolina Silveira toma a mesma precaução. "Já fui assaltada duas vezes aqui."
Fonte: O Estado de S. Paulo, 11 de janeiro de 2010