Efeito perverso é o resultado efetivo de uma ação, com objetivos diferentes do ocorrido.
Com a abertura de mais um estacionamento junto a uma estação do metrô, no regime E-fácil, poderá se ter uma idéia prática do seu funcionamento e do perfil efetivo de clientes.
O novo estacionamento junto à estação Marechal Deodoro não é propriamente novo. Num terreno baldio, de propriedade do próprio Metrô, com entrada pela Rua Albuquerque Lins, serviu como estacionamento, durante muito tempo, com boa ocupação.
A Cia. do Metrô fechou o estacionamento, com o objetivo de construção de um edifício-garagem, o que não prosperou. Voltou a abrir, agora no regime E-fácil, com tarifa de R$ 11,20 para 12 horas, com direito a uma passagem de ida e volta do metrô, o que custaria hoje ao passageiro R$ 5,10. Esse valor, no entanto, deverá ser reajustado em breve, pois ficou abaixo do valor do ônibus (R$ 2,70).
O custo marginal para o usuário seria de R$ 6,10.
Para o usuário da integração, no entanto, a principal comparação é com o quanto ele teria de pagar de estacionamento mais próximo do seu destino. Caso o seu destino seja a Avenida Paulista, por exemplo, no Conjunto Nacional, poderá ser vantajoso, pois teria de pagar só na primeira hora R$ 10,00, podendo conseguir uma tarifa um pouco menor, da ordem de R$ 8,00, porém mais distante.
Se for ao Centro, também será vantagem, pois teria de desembolsar os mesmos R$ 10,00 pela primeira hora e R$ 4,00 pela segunda, em estacionamentos precários, e dificilmente encontraria algum com valor diário limitado.
Quem seria, no entanto, o usuário que deixaria o carro na Rua Albuquerque Lins para seguir de metrô?
A decisão não decorreria apenas dos valores, mas também dos congestionamentos.
A partir da Marechal Deodoro, em direção ao Centro, a menos dos "horários mortos", o tempo de percurso será sempre maior de carro do que de metrô.
A questão está na concorrência dos usuários que trabalham em torno da estação Marechal Deodoro, concorrendo com os de integração. O estacionamento poderá ficar tomado pelos que trabalham ou têm alguma atividade nas proximidades da Estação Marechal Deodoro, em detrimento dos que buscam a integração.
Poderá haver a migração da clientela dos demais estacionamentos próximos para o estacionamento do metrô.
Outra questão relevante é se o empregador irá ressarcir o empregado dos gastos com o bilhete de metrô.
Nesse caso, o custo mensal para o usuário poderá ficar em torno de R$ 120,00, o que será atrativo para uso constante.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.