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Era 19 de dezembro de 2013. Antes mesmo do fim do expediente rotineiro, os funcionários da linha de montagem da Kombi já divulgavam, em redes sociais, imagens da última unidade da perua montada na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP). Colado ao parabrisa dianteiro, um cartaz mostrava a numeração do chassi (EP 022.526) e a frase "Última Kombi produzida em 2013".
Apesar do tom otimista da mensagem, dando a entender que outras Kombi ainda seriam feitas no ano seguinte, o clima era de despedida. Afinal, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) já havia dito não à proposta de abrir uma exceção para a van na nova legislação que tornou obrigatórios airbags e ABS em todos os carros produzidos no Brasil a partir de 2014 (itens que a estrutura da perua não comporta).
Naquele momento, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC continuava com esperanças de conseguir uma brecha junto ao governo federal, mas os 950 responsáveis pela sua produção no fundo sabiam que, após 56 anos de absoluta resistência às evoluções do setor, a Kombi estava mesmo prestes a chegar à (necessária e merecida) aposentadoria.
MONUMENTOS
Para não deixar aquele momento histórico da indústria automotiva brasileira passar batido (afinal, foram 56 anos em nosso mercado), o gerente de produção da Kombi reservou duas das últimas unidades fabricadas para prestar homenagens aos operários da linha de montagem. Numa delas, foram coladas fotos de todos os envolvidos no processo; na outra, eles puderam gravar assinatura e número de registro na empresa (foto).
UOL Carros apurou que essas Kombis continuam expostas nas instalações da Volkswagen em São Bernardo (embora a empresa não confirme isso), tornando-se objetos com nova aura para homens que se acostumaram a montar dezenas de veículos iguais todos os dias. Já a última unidade da Last Edition, série especial de despedida, foi para o museu de veículos comerciais da marca, na Alemanha.
Um desses funcionários é Milton Domingos Leite, que atuou no setor de acabamento e pintura da Kombi nos últimos cinco anos. "Foi muito triste. O pessoal todo estava bastante abalado e foi uma dor grande ver a linha de montagem totalmente esvaziada após a produção da última unidade", contou a UOL Carros.
O processo
?A gente gostava do processo, porque era mais artesanal. Eu trabalhava com a parte de pintura e, quando entrei na Volkswagen, achei que seria praticamente tudo feito por robôs, mas não. A pintura da Kombi ainda era feita num processo manual, mesmo. A gente que aplicava os sprays de tinta na carroceria", disse Leite, que chegou a trabalhar em 130 peruas num mesmo dia.
Novos rumos
Quando o governo federal sinalizou a possibilidade de abrir exceção para a Kombi na obrigatoriedade de airbags e ABS, uma das justificativas seria preservar os cerca de 4 mil empregos gerados direta e indiretamente com a produção da Kombi.
A Volks não quis se pronunciar oficialmente sobre o assunto, mas sabe-se que ela tenta reaproveitar a mão-de-obra da extinta perua em outros setores da fábrica - como no caso de Milton Domingos Leite, que agora atua na pintura e acabamento do Gol e da Saveiro. A montadora também deu férias coletivas, no último dia 13, para 500 funcionários ainda sem destino certo, enquanto estuda se, e para onde, irá realocá-los.
Fonte: UOL, 29 de janeiro de 2014

Categoria: Mundo do Automóvel


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