Em vez de utilizarem o Rodoanel, como o governo esperava, os veículos pesados estão trafegando à noite para evitar pedágios e percursos mais longos. "Como os caminhões conseguem rodar sem trânsito à noite nas Marginais, eles preferem andar ali a pegar o Rodoanel, que é pedagiado", diz o engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Poli-USP e especialista em caminhões.
A pedido do Estado, Ejzenberg percorreu a Avenida dos Bandeirantes e as Marginais do Tietê e do Pinheiros na noite de segunda-feira. Entre abusos dos caminhoneiros, que se tornam especialmente mais perigosos ante a falta de iluminação da Marginal do Tietê, o especialista afirma que a redução da velocidade nas vias é essencial para evitar acidentes com essa nova dinâmica. Para ele, a velocidade máxima dos caminhões deveria ser 60 km/h nas duas Marginais. Um caminhão a 90 km/h passa do lado do carro da reportagem, perto de uma curva na Marginal do Pinheiros, próximo da Ponte Eusébio Matoso. "Eu não faço curva ao lado desse caminhão, nunca, sei que ele pode tombar numa velocidade dessas. Como uma carreta vai frear assim?"
Saídas
Ejzenberg ainda chama a atenção principalmente para as marcas de derrapagem de caminhões na Marginal do Tietê. São dezenas, todas localizadas perto de saídas para as pistas central e local da via. "São justamente os pontos de decisão, quando o motorista precisa trocar de pista", explica. "Mas, como a sinalização é ruim e ainda não há iluminação, a gente vê todas essas marcas absurdas, que mostram a velocidade que os caminhões estavam. Isso só vai melhorar quando a velocidade máxima da via diminuir (para 60 km/h)."
Fonte: O Estado de S. Paulo, 16 de setembro de 2010