Há um ano, o coordenador do Departamento de Infraestrutura e Logística da FDC, Paulo Resende, responsável pelo estudo, estimou que em cinco anos o trânsito em São Paulo apresentaria lentidão permanente, como se o horário de pico durasse o dia todo. De lá para cá, a extensão dos congestionamentos só piorou, confirmando a previsão e reduzindo o prazo de chegada à situação crítica. Hoje, ele avalia que o tempo que os trabalhadores paulistanos perdem em engarrafamentos tem um custo anual de R$ 4 bilhões. Mas um estudo do professor de economia da Fundação Getúlio Vargas Marcos Cintra, divulgado há um ano, vai além. Diz que o custo anual seria de R$ 33,5 bilhões, aí computados R$ 27 bilhões do que se deixa de produzir, mais R$ 6,5 bilhões de gastos com combustíveis, saúde pública e atrasos no transporte de cargas.
Apesar desses vaticínios sombrios, para vários especialistas, ainda que as obras e investimentos governamentais não ocorram na velocidade que seria desejável, em São Paulo, as que estão sendo conduzidas atualmente para melhoria do trânsito e do transporte na Capital e região metropolitana podem funcionar positivamente, aliviando os congestionamentos. Nos próximos anos, entrarão em funcionamento o novo Trecho Sul do Rodoanel, a integração ampliada do transporte público metropolitano e novas linhas de metrô. Estão nos planos dos governos estadual e municipal a recuperação das Marginais do Tietê e do Pinheiros e projetos de recuperação e modernização de corredores de tráfego intenso.
Há algumas semanas, o governador José Serra inaugurou as duas primeiras pontes de um novo complexo em construção num dos piores pontos de congestionamento da malha viária de São Paulo - a ligação da Rodovia Anhanguera com a Marginal do Tietê e o bairro da Lapa. A velha Ponte Atílio Fontana será substituída por sete vias elevadas por onde circularão ao menos 100 mil veículos por dia.
No início de maio, o governo estadual anunciou também a construção de uma nova pista na Marginal do Tietê para eliminar os gargalos de trânsito da via. Recursos públicos (R$ 800 milhões) e de concessionárias financiarão a obra. A nova faixa complementará as obras do complexo Anhanguera e do Rodoanel.
O governador José Serra declarou que não é partidário da "teoria sadomasoquista" de que se deve dificultar o trânsito para carros particulares para favorecer o transporte coletivo. "Eu acho que a gente deve investir no transporte coletivo e também no transporte em carros particulares", afirmou.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 1º de junho de 2009