Parking News

Por Jorge Hori*

Com a implantação da faixa exclusiva para ônibus no corredor Norte-Sul, sem maior planejamento, baseada apenas na vontade política dos atuais administradores da Prefeitura Municipal de São Paulo, cabe avaliar as prováveis consequências dessa decisão sobre a cidade de São Paulo.
O fato objetivo é a redução das faixas de tráfego para os veículos particulares e a liberação de uma faixa exclusiva para a circulação de um diminuto volume de ônibus comuns.
Haverá um pequeno ganho de velocidade dos ônibus durante o percurso, sem ganhos adicionais nas paradas, que continuam sendo as mesmas. Esse ganho estatístico da velocidade da frota será alardeado como o grande sucesso da medida. Os usuários dos ônibus serão entrevistados mostrando a satisfação pela redução do tempo de viagem.
Em contrapartida, os motoristas dos carros particulares, entrevistados, mostrarão a sua insatisfação com o aumento dos congestionamentos e dos tempos de viagem.
Quantos serão beneficiados e quantos serão prejudicados? Em tese, os usuários dos ônibus seriam em maior número porque um ônibus carregaria o equivalente a 40 ou mais automóveis. A média de ocupantes nos carros particulares seria inferior a dois, enquanto a média dos ônibus comuns seria de 70, podendo superar 200 nos articulados nos horários de pico. Por outro lado, o volume de automóveis circulando no mesmo corredor seria muito superior ao número de ônibus. Considerando apenas a faixa agora restrita aos ônibus, os prejudicados poderão ser em maior número. Dentro de um período de uma hora, no período de pico, as pessoas que estariam circulando pela faixa, em veículos individuais, seriam em maior número do que as circulando em ônibus.
As autoridades precisarão mostrar esses números para avaliação pelos especialistas e pela sociedade.
O segundo fato concreto é que aumentará o congestionamento, refletido nas tradicionais medições da CET e também por entidades independentes. Na sexta-feira à noite o índice poderá bater novos recordes.
O que irão fazer os motoristas dos automóveis, diante da piora da sua mobilidade?
Sairão em passeata e acamparão diante da sede da Prefeitura Municipal ou da Secretaria Municipal de Transportes, ou ainda fazer algum buzinaço?
Vão organizar barreiras para promover megacongestionamentos de forma a ampliar a imagem negativa do prefeito e da Prefeitura?
Irão praticar a desobediência civil, utilizando as faixas exclusivas e contestando as multas? Entrarão na Justiça contra as medidas da Prefeitura? O que irão alegar: cerceamento do direito de ir e vir?
Utilizarão rotas alternativas, transferindo os congestionamentos para outras vias? A Nove de Julho já tem um corredor de ônibus e teria um aumento nos congestionamentos. O uso das vias arteriais seria apenas uma transferência dos locais de congestionamentos.
Ou farão aquilo que a Prefeitura mais espera: que deixem o carro em casa e troquem pelo transporte coletivo.
Se no trecho norte ainda existe a alternativa do metrô, o mesmo não ocorre no trecho sul, a partir do Anhangabaú, até Interlagos, ou além: o único transporte coletivo disponível é o serviço de ônibus comum, reconhecidamente de má qualidade.
Como a melhoria dos serviços não foi prevista, o trecho sul do corredor irá virar uma panela de pressão que acabará estourando se a pressão não for aliviada.
O que poderá ser esse alívio de pressão?

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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