"Está aí há 1,5 ano. Quebrou a corrente de comando e eu estava usando outro carro", explica o jardineiro Antonio Neri Oliveira.
Lata velha em dose dupla: um carro atrapalha os pedestres, outro, o trânsito. Mais dois veículos abandonados sobre a calçada em outro endereço. Um foi guinchado. A família correu e empurrou o outro para dentro da garagem.
Um carro abandonado há um ano era usado para a brincadeira das crianças. Já a caminhonete virou um criadouro de mosquitos da dengue e bem em frente ao portão da vizinha.
Em Vinhedo, interior de São Paulo, a prefeitura adotou um programa de tolerância zero aos veículos abandonados: 41 foram identificados. Os donos receberam notificação e têm 15 dias para retirar o carro. Além de multa e guincho, se em três meses o dono não se manifestar, o veículo pode ser leiloado.
É um problema comum em várias cidades brasileiras. Na capital federal, faltam estatísticas sobre o abandono de veículos, mas não é difícil encontrar automóveis que não são movimentados há muito tempo.
Em São Paulo, o número de carros deixados em vias públicas ou calçadas aumentou 800% nos últimos quatro anos. Só no ano passado, 593 veículos acabaram recolhidos.
Em Vitória, a prefeitura calcula que haja pelo menos 80 veículos esquecidos nas ruas. Em Belo Horizonte, 50 automóveis foram recolhidos no ano passado. Número já igualado no primeiro semestre.
"No fundo, esses carros tinham mais multas e dívidas de impostos do que o valor dele propriamente dito", afirma o secretário de Transportes de Vinhedo Antonio Luiz Falsarella.
De acordo com o Denatran, a responsabilidade de retirar veículos abandonados das ruas é dos municípios. O problema é que poucas cidades do Brasil têm legislação sobre o assunto.
Fonte: Bom Dia Brasil, 27 de agosto de 2009