Alternativas
O Sistema Patropi não é o primeiro a deixar as franquias como forma de expansão. A Estapar também abandonou o sistema e, para garantir novos investimentos, vendeu 50% do negócio, em maio deste ano, para a administradora de fundos de investimentos BTG. Com isso, diz o sócio fundador da empresa, Helio Cerqueira Júnior, a rede obteve recursos para a aquisição de garagens em novos prédios e participação em licitações públicas de garagens subterrâneas. A Estapar está nos consórcios das duas primeiras garagens subterrâneas a serem construídas sob regime de concessão pública do Brasil: Clínicas e Trianon, ambas na cidade de São Paulo. Fundada no ano de 1981, a empresa administra 630 estacionamentos em dez Estados e no Distrito Federal.
Dificuldades
A falta de terrenos com tamanho suficiente para a implantação de um estacionamento e o preço extorsivo dos aluguéis dessas áreas afeta o franqueamento de negócios no setor em São Paulo. "Esse sistema é utilizado pelos setores da economia para acelerar o crescimento, o que já não é possível em São Paulo pela falta de locais adequados. Por isso, polos comerciais, shoppings, hospitais, hotéis, casas de espetáculos e conjuntos de escritórios ou consultórios são atrativos", diz Sergio Morad, presidente do Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark) e sócio-diretor da Multipark. Para o executivo, entretanto, ainda é possível estabelecer franquias mesmo em garagens de prédios de apartamentos, como já ocorre na cidade. Mas, atualmente, o que mais acontece é o investidor ter o dinheiro e não encontrar o ponto para aderir a uma marca de estacionamento. A empresa de Morad tem até um departamento exclusivo que se dedica a encontrar pontos para abertura de novos negócios.
Nova marca
Mesmo com todas as dificuldades para encontrar bons terrenos para montar estacionamentos em São Paulo, o empresário Rogério Lima, da rede AutoPark Estacionamentos, faz planos de entrar na capital paulista. Com 60 unidades nas regiões Sul e Sudeste do País, Lima aposta no modelo de franquias para atrair novos parceiros paulistanos. "O sistema não dá certo em estacionamentos se você opera levando em conta só o faturamento do franqueado. O correto é gerir a rede pelo desempenho. A atenção ao resultado desonera os custos do franqueado", diz o empresário. Ele ainda não tem prazo para entrar em São Paulo. O setor de serviços automotivos, que inclui as redes de franquias de estacionamento, registrou crescimento de 31,7% em 2008, com faturamento superior a R$ 2,4 bilhões, segundo levantamento da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Esse resultado também inclui franquias de serviços de manutenção de veículos, limpeza e aluguel. No mercado de estacionamentos, de acordo com o Sindepark, há 11 mil operando no Estado, 9 mil só na Capital. Exclusivamente em São Paulo são aproximadamente 900 mil vagas, para uma frota de cerca de 6,5 milhões de veículos. A média de atendimentos mensal é de 70 milhões e o setor gera perto de 35 mil empregos diretos. O Sindepark concluiu, no último mês de maio, levantamento sobre os estacionamentos da região central de São Paulo, mesma área investigada em 2008. O resultado deste ano revela alta de 6,53% no número de estabelecimentos, de 475 para 506 - agora são 40.372 vagas, ante 33.729 no ano passado.
Se não dá certo, quem é culpado?
Quando um negócio não dá certo no sistema brasileiro de franquias, em geral a responsabilidade pelo fracasso pode ser creditada à gestão inadequada do franqueador. A opinião é de Cláudia Bittencourt, diretora-geral da Bittencourt Consultoria, de São Paulo, empresa especializada em franqueamento de marcas. A executiva não analisa a situação específica dos estacionamentos em relação ao sistema de franchising, mas relaciona as dificuldades enfrentadas pelos franqueadores a dois motivos principais. "Depende muito do negócio, mas um problema muito comum é o franqueador não escolher direito os franqueados que aceita em sua rede", afirma. "Muitas vezes, o empreendedor escolhe pessoas somente pelo montante de dinheiro que têm para investir no negócio em vez de avaliar cuidadosamente o perfil necessário para levar a empresa adiante", diz a especialista. O outro motivador de dificuldades, na avaliação de Cláudia, é a falta de um plano adequado de crescimento de quem vai vender a marca, além das particularidades típicas de cada ramo de negócios. "Isso causa graves problemas aos franqueados, que acabam se desiludindo com o investimento que escolheram", observou a diretora da consultoria.
Fonte: Diário do Comércio (SP), 31 de agosto de 2009