A primeira delas mostra o tamanho desse problema em algumas das metrópoles. Quase todos os caminhos levam a um congestionamento. Depois de uma rua tranquila, de uma avenida mais livre, difícil não cair no anda e para.
O nó do trânsito está cada vez mais apertado. Numa pesquisa feita em quatro capitais, motoristas reclamaram que ficam presos nos engarrafamentos ao menos duas vezes por dia. Em Porto Alegre e Belo Horizonte perdem, em média, 1 hora. No Rio, duas. E em São Paulo, 3 horas no dia.
Para quem depende de transporte público pode ser pior. Às 6 horas da manhã, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, os repórteres entraram em um ônibus para ir até a Central do Brasil, no Rio. O primeiro ponto estava vazio. O percurso tem 40 km. Quanto tempo leva? Depende do trânsito.
Quando não está parado, por causa do congestionamento, o ônibus dificilmente passa de 15 km/h. Nesse ritmo, chega-se ao destino só 2 horas e meia depois. Quando a reportagem repetiu a viagem num horário de trânsito mais livre, ao meio-dia, economizou uma hora no itinerário.
Em São Paulo, o teste é da Zona Sul ao Centro da capital. Às 7h30 da manhã, há congestionamento fora e dentro do ônibus. Para percorrer 18 km, o ônibus gasta uma hora e meia. Fora do horário de pico, não melhora muito: uma hora.
Congestionamento é perda de tempo, de saúde e de dinheiro. Nem sempre se consegue calcular o quanto se perde no trânsito. Então, para tentar medir os custos, a reportagem entrou num táxi, para ter, ao menos, uma idéia dos prejuízos. Para cruzar três bairros, com trânsito livre, a corrida sai por R$ 14,90. Já no fim de tarde, horário de pico, chega a R$ 20,10. Ficou quase 35% mais caro.
Nos ônibus, muitos passageiros não sabem, mas acontece o mesmo. O engarrafamento tem um preço que entra na conta do valor da passagem. Mais tempo, mais combustível, mais funcionários, mais custos.
Para os estudiosos do trânsito, os congestionamentos só vão diminuir se o número de veículos nas ruas diminuir. E, para que os brasileiros se convençam a deixar o carro em casa, o transporte de massa tem de melhorar muito.
"Mobilidade não é só ir de um lugar para o outro. Mobilidade é se movimentar com qualidade dentro da cidade. Então, as soluções estão em políticas públicas eficientes e comportamento individual melhor", disse o professor da Fundação Dom Cabral Paulo Resende.
Fonte: Jornal Nacional, 24 de novembro de 2009