Os dados constam do relatório anual de acidentes de trânsito fatais realizado pela CET a partir de registros do IML (Instituto Médico Legal) e boletins de ocorrência de acidentes de trânsito fornecidos pela SSP-SP.
Conforme o balanço, o número de mortos é 1,8% menor que o registrado em 2009, quando foram 1.382 vítimas do tipo - tendência de queda, aliás, verificada pela CET desde 2005. Mesmo assim ainda é grande, entre as vítimas fatais, o percentual de pedestres e motociclistas: entre os mais de 81% que ambos representam no total de mortos, só pedestres equivalem a 46,4% do total - 630 mortos em 2010, a maioria homens (73%) e vítimas de atropelamentos por carros (47,7%). Entre os motociclistas, única categoria a apresentar crescimento no número de mortes, em 2010 (11,7%, em comparação a 2009), no ano passado a CET apurou o registro de 478 mortos no trânsito.
Já entre motoristas e passageiros de veículos, houve queda de 9,9% no total de vítimas fatais: os 200 que morreram da categoria ano passado representam baixa em relação aos 222 mortos de 2009, mas o número ainda está muito acima, por exemplo, do total de ciclistas mortos no trânsito - 49, contra 61 no ano anterior. Essa foi a categoria em que houve maior queda de óbitos em um ano, 19,7%.
Fiscalização
Para a CET, a tendência de reversão nos números de mortos reflete ações de educação e fiscalização desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Transportes - o índice de mortes por 10 mil veículos foi de 2,07, em 2009, e de 1,97, ano passado. Paralelamente, a frota da capital, entre janeiro e dezembro de 2010, cresceu 3,29%: no último mês do ano, chegou a 6.954.750 veículos. Em março deste ano, a frota paulistana superou 7 milhões de unidades nas ruas.
Entre as principais medidas adotadas para a redução de mortes no trânsito a CET elencou a redução do limite de velocidade de 90 km/h para 70 km/h para veículos pesados nas marginais Tietê e Pinheiros, a proibição de circulação de motocicletas na pista expressa da marginal Tietê e a padronização do limite de velocidade em vias como as avenidas 23 de Maio, Rubem Berta, Indianópolis, Jabaquara, Sena Madureira e o corredor formado pelas avenidas Domingos de Moraes, Noé de Azevedo e rua Vergueiro. A implantação da motofaixa do corredor Vergueiro/Liberdade e o aumento da fiscalização eletrônica - em dezembro de 2010, a CET tinha 535 radares eletrônicos, contra 452 em dezembro de 2009 - também foram medidas mencionadas pelo órgão municipal.
Há "negligência do Estado", diz especialista
Para o diretor do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues Alves Jr., os números demonstram o que ele avalia como "negligência do Estado" em relação às soluções para os problemas do trânsito. Conforme o especialista, em todo o Brasil, anualmente, são registrados entre 35 mil e 40 mil óbitos, nos cerca de 380 mil acidentes, e um número ainda superior de sequelados: aproximadamente 110 mil, pelas estatísticas da associação.
Educar para prevenir
Indagado pelo UOL Notícias sobre que medidas de prevenção são mais urgentes para reverter a violência no trânsito, Alves Jr. citou, em primeiro lugar, a educação nas mais diversas faixas etárias. "O que precisa é o cidadão chegar aos 18 anos educado, conscientizado, conhecendo não só o que é a legislação de trânsito, como quais vetores da física são capazes de derrubar e capotar o carro; à parte disso, os cursos de formação de condutores precisam mudar e se adequar à realidade do condutor: não adianta dar aulas em um ambiente fechado, em condições não adversas, sem riscos, se na prática, depois, sozinho, não é isso apenas que ele vai encontrar", ponderou.
Fonte: UOL Notícias, 20 de abril de 2011