O salto de 428 para 478 motociclistas mortos também foi acompanhado da alta de 123 para 135 atropelamentos com mortes provocados por esses veículos. Em 2005, havia 64% mais atropelamentos fatais por ônibus que por motos. Cinco anos depois, a situação ficou invertida: 24% mais casos por motos que por ônibus. Para a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), parte da explicação para os resultados do ano passado no trânsito está na elevação da frota de motocicletas. Mas ela subiu 7,2% num ano - aquém da piora das mortes. E a quantidade de carros também não para de subir - sem que, com isso, morram mais motoristas. Segundo a CET, na marginal Tietê as mortes de motoqueiros caíram. O engenheiro Luís Antônio Seraphim avalia que a motofaixa da Vergueiro e a restrição na pista expressa são insuficientes para, sozinhas, ajudar a baixar as mortes na cidade. Ele diz que é preciso fiscalização mais rigorosa para as motos, que escapam de radares. Kassab planeja mais duas motofaixas - apesar de haver resultados controversos.
Prioridade
O balanço das mortes é compilado pela CET com dados do IML (Instituto Médico Legal). No total, a quantidade de vítimas em 2010 caiu 1,8% - de 1.382 para 1.357, menor patamar já registrado. Sem os motociclistas, a diminuição teria alcançado 7,9%. Apesar da queda na totalidade de pedestres mortos, a gestão Kassab considera essas vítimas a prioridade das ações necessárias, por serem quase metade. De 1.357 mortos, 630 estavam a pé. "Por ser a parte mais frágil, são nosso principal foco", diz Marcelo Branco, secretário dos Transportes. Entre as intervenções, ele cita a redução de limites de velocidade e a criação de 4.245 faixas de pedestres no segundo semestre de 2010.
Sé lidera o ranking de atropelados em São Paulo
A concentração de atropelamentos no movimentado centro de São Paulo põe a região da Subprefeitura da Sé como líder do número de acidentes que matam na capital paulista. A região é seguida por Lapa (zona oeste), Campo Limpo (sul) e São Mateus (leste). O perfil dos pedestres atingidos, que representam 46% do total das mortes no trânsito, mostra também como a população mais velha é a que mais enfrenta esse risco ao andar a pé pela cidade. Enquanto a idade média de motociclistas mortos é de 27 anos e de motoristas/passageiros é de 36 anos, a dos mortos em atropelamentos na cidade é de 52. Das vítimas a pé, 55% têm mais de 50 anos. E, por semana, três idosos com mais de 70 anos morrem atropelados na cidade. Além do desrespeito dos motoristas, a situação é agravada porque os idosos têm menos mobilidade, menos agilidade e reflexo para atravessar a rua e são mais frágeis quando atingidos por um veículo.
Na marginal Tietê, mortes crescem 12%
A marginal Tietê teve 12% mais mortes e seguiu disparada como líder das vias com mais acidentes que terminaram em óbito. Tudo isso num ano em que recebeu obras de ampliação e reforma, restrições a motociclistas e redução de 90 km/h para 70 km/h nos limites de velocidade para os caminhões. A via teve 56 mortos em 2010, ante os 50 do ano anterior.
Na lista das vias com mais mortes em 2010, a marginal Pinheiros fica em segundo, com 23 casos - queda em relação a 2009. Na avenida Raimundo Pereira de Magalhães (zonas oeste e norte), houve maior aumento. Em 2010, as mortes saltaram de 8 para 17.
Fonte: Folha de S. Paulo, 20 de abril de 2011