O jornal Estado de S. Paulo informa que estudo feito pela Delphi mostra que, de 2004 para 2010, saltou de 1 milhão para 3 milhões o total de veículos vendidos no Brasil e na Argentina com ar-condicionado. Campos soma os dois países porque boa parte dos modelos feitos no Brasil é vendida no vizinho e vice-versa.
O airbag e o ABS, praticamente ausentes nos automóveis há sete anos, em 2010 equipavam cerca de 1 milhão dos modelos adquiridos por brasileiros e argentinos. O rádio, antes instalado no mercado paralelo, por ser mais barato, hoje sai de fábrica em grande parcela dos veículos.
Para o diretor de marketing da General Motors, Gustavo Colossi, equipamentos que eram opcionais, vistos como de luxo, passaram a itens de conforto e tornaram-se necessidade.
Ar-condicionado, diz ele, é o melhor exemplo. Carros na faixa de preço de R$ 40 mil saem de fábrica com o equipamento, mas há cinco anos eram opcionais. Colossi ressalta também a questão regional. No Nordeste, de 80% a 90% das vendas de modelos básicos, como Celta e Classic, têm ar, por causa do clima quente. Nas grandes capitais, é visto também como item de segurança, pois permite ao condutor manter o vidro fechado.
A direção hidráulica, antes disponível em modelos top de linha, começa a sair de fábrica em carros mais em conta, como o Prisma, que custa a partir de R$ 31 mil. O airbag duplo, até pouco tempo instalado só em modelos de luxo como Vectra e Omega, vendidos entre R$ 60 mil e R$ 128 mil, agora é de série em versões do Agile que custam cerca de R$ 45 mil.
"Em todos os modelos na faixa de R$ 90 mil, como o Malibu, a transmissão automática agora é mandatória", diz Colossi, ao citar outro exemplo. Há oito anos, o Omega, importado da Austrália, tinha câmbio manual.
Parcelas diluídas
Henrique Sampaio, gerente de marketing de produto da Volkswagen, comenta que a facilidade no crédito também colabora para ampliar a frota de carros mais equipados, pois o custo maior é diluído nas parcelas. Por ordem, os clientes da marca demandam direção hidráulica, ar-condicionado e pacote elétrico.
De 2005 para cá, as vendas de veículos Volkswagen com direção hidráulica aumentaram 230%. Com ar-condicionado, a alta foi de 200% e com trio elétrico, de 150%.
Maior demanda também reduz preços. Há cerca de dez anos, o sistema de airbag estava apenas nos carros importados e custava cerca de R$ 10 mil. "Hoje, oferecemos por R$ 1 mil em alguns modelos", diz Sampaio. Outros itens que começam a cair no gosto do consumidor, na opinião de Sampaio, são o sensor de estacionamento (em média R$ 700) e câmbio automatizado (R$ 2,5 mil). Itens de tecnologia e comunicação, como computador de bordo e GPS, também estão sendo requisitados pela camada mais alta de consumo, afirma Cláudia Reichel, gerente de pesquisa de mercado para a Ford América do Sul.
Salto
O mercado brasileiro saiu de venda anual de 1,57 milhão de veículos em 2004 para 3,5 milhões no ano passado. Para este ano, a previsão das montadoras é de chegar a quase 3,7 milhões.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 24 de abril de 2011