Parking News

Vista de cima, a pintura azul no telhado dos espigões sinaliza aquela que é a principal concentração de helipontos num pequeno pedaço de São Paulo. Embaixo, a movimentação é intensa para acessar esse trecho nobre da Vila Olímpia (zona oeste), nas imediações da Rua Funchal, mas a infraestrutura do transporte terrestre deixa a desejar, analisa reportagem da Folha de S. Paulo.
As vias são estreitas para os carros, que enfrentam congestionamentos até nas garagens; os ônibus, às vezes distantes, não atraem. Forma-se, assim, um cenário exótico: a quantidade de 25 helipontos é maior que a dos 24 pontos de ônibus nesse miolo de comércio e escritórios da Vila Olímpia, formado por dez vias.
O levantamento da Folha, feito a partir de registros da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e da SPTrans (empresa de transporte da prefeitura), reforça as conclusões de outro mapeamento preparado por técnicos municipais em parte do eixo empresarial da Faria Lima à Berrini. Este identificou por imagens de satélite 75 helipontos numa região que abriga 60 paradas de ônibus - sem contar "pontos gêmeos", nos dois lados da rua. Em ambos os casos, trata-se de uma constatação apenas simbólica, sem rigor científico.
Mas a peculiaridade da infraestrutura do transporte terrestre e aéreo nas imediações da Vila Olímpia serve, na avaliação de técnicos, como exemplo da falta de planejamento urbano com a expansão da área a partir da década de 1990. Um dos motivos para a região ter tantos helipontos é que ela concentra edifícios novos e modernos - frequentados por uma elite empresarial que já aderiu ou pretende aderir ao transporte aéreo urbano. Essa condição resulta em malabarismo no controle de voo para evitar conflitos com aviões da rota de Congonhas.
De outro lado, embora a prefeitura diga que há 22 linhas de ônibus passando em alguma parte do bairro, não há conexão rápida de transporte coletivo para regiões estratégicas, como a central ou a da Paulista. E a linha metroferroviária mais próxima, a 9-Esmeralda da CPTM, leva os usuários a trechos mais periféricos (Osasco-Grajaú). "Os polos empresariais não são decididos por quem vai trabalhar lá. A Berrini ficava longe de tudo, mas perto de onde os donos das empresas moravam ou gostariam de morar. Hoje tudo é definido pela conveniência da cúpula. Se ela, por pequena que seja, começa a adotar um meio de transporte exótico, como por helicóptero, as coisas fogem ainda mais de controle", diz Cláudio Senna Frederico, engenheiro e ex-secretário dos Transportes Metropolitanos.
Região cresceu sem alternativa ao carro, dizem técnicos
Técnicos dizem que as deficiências do transporte coletivo no eixo empresarial das imediações da Vila Olímpia, Berrini e Faria Lima são resultado da falta de planejamento urbano. Ao longo dos anos, foi liberada a verticalização da área sem prever nenhuma alternativa eficiente ao transporte individual - e com uma malha viária limitada para os automóveis. Não é à toa, dizem, que a região se tornou a principal referência para os ônibus fretados.
Especialistas avaliam que os problemas nas imediações da Vila Olímpia não têm como ser resolvidos com mais linhas ou mais ônibus. "Não adianta colocar mais ônibus, para que fiquem parados no trânsito", diz Jaime Waisman, professor da USP, para quem a solução é buscar integrações com a rede sobre trilhos. Por exemplo, com micro-ônibus para levar a linhas de metrô, como a 5-lilás (que será integrada à 1-azul e à 2-verde). Horácio Augusto Figueira, mestre em engenharia pela USP, cita como alternativa a criação de um corredor de ônibus na Av. Juscelino Kubitschek, que chegaria à região central com mais rapidez. "Ali é como um estádio de futebol linear. São torres onde trabalham milhares de pessoas. Não dá para escoar essa demanda com automóvel", diz.
Embora a versão oficial da prefeitura negue, técnicos da SPTrans reconhecem os problemas. É por isso que escolheram a Vila Olímpia para receber um trecho do monotrilho (metrô leve em vias elevadas). Na avaliação deles, a região, por abrigar um público de renda mais elevada, poderia ser atraída por esse transporte. O problema é a falta de prazo para sair do papel.
Ônibus são suficientes para a demanda, afirma secretaria
A Secretaria dos Transportes informou que os ônibus nas imediações da Vila Olímpia são suficientes para atender à demanda. Segundo a pasta, os usuários da região são atendidos por 22 linhas e 900 ônibus circulam na região do Brooklin e do Itaim Bibi nos picos da manhã.
Os eventuais problemas no tráfego aéreo pela concentração de helipontos são negados pelas autoridades da aviação. A Anac diz que as operações das aeronaves são controladas por um departamento da Aeronáutica para que tenham níveis de segurança adequados. Afirma que a exigência de 400 metros de distância entre os helipontos é liberada para casos em que há desnível entre eles - e que, por isso, há helipontos vizinhos na cidade.
Fonte: Folha de S. Paulo, 13 de setembro de 2009

Categoria: Cidade


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