A taxa para dar uma olhadinha no carro varia. Começa no simples "qualquer moedinha ajuda", como pode chegar a exorbitantes R$ 50 (cobrados quase sempre adiantados), como tem acontecido nas ruas próximas aos estádios, principalmente nos dias de jogos importantes ou nas apresentações de artistas consagrados.
Extorsão
Para a maioria dos motoristas, o pagamento da taxa quer significar que seu carro não será danificado ou furtado. A questão, porém, é que muitos flanelinhas recebem o valor adiantado e desaparecem. Outros viram casos de polícia, pois beiram a extorsão. Alguns são acusados de danificar ou mesmo furtar o veículo cujo proprietário se negou a pagar a taxa cobrada.
Foi pensando nisso que a Prefeitura de São Paulo, a pedido do Ministério Público Estadual, discutiu no dia 25 de novembro proposta de implantação de um projeto piloto que promete cadastrar os guardadores de carro junto à Secretaria Municipal do Trabalho. Com a nova medida, eles passariam a receber uniformes e a atuar de maneira legalizada, principalmente para trabalhar nas ruas 25 de Março, Santa Ifigênia, além das avenidas Pacaembu e as proximidades do Anhembi, na zona norte.
Um dos primeiros questionamentos vem do Sindicato dos Guardadores, que já fornece uniforme e crachá. A fiscalização dos flanelinhas oficiais ficará com as subprefeituras, com apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana. A assessoria da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo não soube informar, no entanto, como será feita a fiscalização dos guardadores de carros que estiverem cadastrados. Hoje, a cada denúncia recebida, eles são enquadrados pelos crimes de extorsão ou exercício ilegal de profissão.
Outras cidades
O projeto já saiu do papel em outras cidades brasileiras, entre elas Porto Alegre e Rio de Janeiro. No interior de São Paulo, o município de Ribeirão Preto estuda ideia parecida, com a distribuição de camisetas e crachás para os guardadores cadastrados.
No Distrito Federal, a atividade está legalizada desde o ano passado e tem obrigado os flanelinhas a participarem de cursos de capacitação antes de sair para a rua. As aulas incluem noções básicas de cidadania, obrigações profissionais e até regras de trânsito. A profissão de guardador de carro existe desde 1975. A lei exige de qualquer flanelinha a apresentação de documentos como a certidão negativa ou atestado de antecedentes criminais, além da quitação junto ao serviço militar.
Fonte: Diário do Comércio (SP), 9 de dezembro de 2010