"Seria caro e contraproducente reduzir a mistura agora", disse um integrante da reunião. "Hoje, é mais barato importar anidro do que gasolina."
Por isso, o governo resolveu dar um "voto de confiança" aos usineiros. E espera o "cumprimento à risca" do compromisso de abastecer, a preços razoáveis, o mercado interno de etanol, anidro e hidratado. As usinas queriam "discrição" para evitar uma forte alta nos preços do anidro nos Estados Unidos, principal fornecedor brasileiro.
O governo avalia que a redução da mistura, dos atuais 25% para 20% ou 18%, teria impacto nos preços da gasolina ao consumidor, geraria mais pressão inflacionária, teria efeitos tributários relevantes, traria problemas para a balança comercial e significaria prejuízos à Petrobras - na importação de gasolina e na perda de produtividade de suas refinarias. Na reunião, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que a redução derrubaria em até 13% a produção da petroleira. Haveria um recuo na produção de 50 mil barris/dia. Para atender à demanda adicional, a Petrobras passaria a ter que importar o equivalente a 30 ou 45 dias de gasolina - hoje, essa necessidade soma quatro ou cinco dias.
Na reunião, que teve a presença dos ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento), os especialistas do governo avaliaram que o crescimento da economia está "muito acima" da capacidade de abastecimento de etanol no mercado interno. À saída da reunião, o ministro Lobão afirmou que o mercado está "abastecido" e "estável".
Fonte: Valor Econômico, 28 de julho de 2011