Parking News

Depois de ficar conhecido por comprar a problemática Parmalat, para promover a sua recuperação, o fundo de participações Laep fechou negócio com uma companhia em condições saudáveis e que tem o projeto de se expandir para o Brasil. Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, a Laep terá uma participação, que poderá ser de 25% ou 33%, na holding portuguesa Holquadros, que controla a Empark, quarta maior empresa de estacionamentos da Europa e líder na Península Ibérica. O pagamento será via emissão de ações. A intenção é tirar da informalidade o segmento de estacionamentos no Brasil. "Por aqui, o setor é visto apenas como uma prestação de serviços, enquanto na Europa é enxergado como infraestrutura", explica Alberto Mendes Tepedino, diretor financeiro da Laep.
Ele conta que os governos europeus fazem concessões de áreas para estacionamentos, por longos prazos, que podem variar de 30 a 90 anos - o que permite receitas estáveis e lucro. "No Brasil, o estacionamento é precário, ocupa provisoriamente um terreno baldio", afirma.
Com a expertise do sócio internacional, a ideia da Laep, explica o conselheiro Rodrigo Ferraz, é procurar um parceiro doméstico para ter uma sede no Brasil e fazer a abertura de capital da empresa na BM&F Bovespa.
"Se conseguirmos um sócio local, podemos fazer a abertura de capital em seis meses, por conta de todo o fluxo de caixa e da estabilidade de receitas da Empark em Portugal e Espanha", diz.
Capitalizada, a empresa quer espalhar o modelo da Empark não só pelo Brasil, mas para América Latina e sul dos Estados Unidos. Hoje, entre as empresas mais lembradas no Brasil estão Estapar, comprada pelo BTG Pactual em 2009, Multipark e Rede Park.
Ferraz conta que quando a Empark surgiu em Portugal, no início dos anos 90, o cenário de informalidade era semelhante ao brasileiro e a companhia pode se beneficiar do crescimento do setor, que acompanhou as necessidades das grandes cidades.
A Empark participou, na Europa, ao lado de empreiteiras, de processo de concessões de áreas urbanas, subterrâneas, além de aeroportos, hospitais e também na gestão de ruas, com parquímetros, que substituem os cartões de zona azul, existentes em São Paulo, por exemplo.
Ele cita as necessidades decorrentes das obras por conta de Copa do Mundo e Olimpíadas e que as grandes cidades precisam de soluções urgentes nesse aspecto.
"Acreditamos que os governos vão perceber que lotear as áreas urbanas podem se tornar fontes de receitas. As prefeituras podem licitar áreas e se beneficiarem da gestão eficiente", diz.
Marcelo Gait, presidente do Sindepark, sindicato do setor em são Paulo, confirma a informalidade como característica e diz que não há dados sobre faturamento. A estimativa é de que haja 10 mil estacionamentos em São Paulo. Gait também acredita que concessões no setor passarão a ser necessárias. Ele lembra que já ocorreram em alguns casos que envolveram garagens subterrâneas na cidade de São Paulo.
"Mas, até acontecer, vai demandar muito estudo e trabalho do poder público. Certamente, os empresários do setor estarão prontos para colaborar", diz.
A Empark tem capital fechado. Possui ativos imobilizados de 700 milhões de euros e administra 380 mil vagas na Europa. O Ebitda (sigla em inglês para "earnings before interest, taxes, depreciation and amortization", que traduzido literalmente para o português significa "lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização"), em 2010, foi de 69 milhões de euros.
Como os estacionamentos são muito pulverizados em diversas regiões, as receitas tendem a ser estáveis. Ferraz conta que, na crise financeira de 2008, em Portugal e Espanha, a queda da receita de concessões de estradas foi da ordem de 20% a 25%. No caso de estacionamento, foi entre 2% e 3%. "As pessoas podem viajar menos, mas continuam indo trabalhar, por exemplo", diz.
O percentual da Laep na empresa poderá ser de 25% ou 33%. Não está definido porque a holding possui três sócios, dois portugueses e um espanhol. Pelo acordo de acionistas, um deles pode não aceitar um quarto sócio, embora não tenha poder de vetar a operação. O espanhol, de família tradicional em seu país e que possui outros negócios, ainda tem dúvidas se continuará na empreitada ou venderá sua parte para a Laep. Se ele aceitar ou não, a operação, avaliada em R$ 114 milhões pelo fechamento de ontem, dia 28, será paga com a emissão de 200 milhões de ações classe A da Laep, que não possuem direito a voto. Esse total representa um terço dos papéis que estão em circulação no mercado hoje, na Bovespa, são representados por BDRS, recibos de ações.
"A Laep está pagando barato pelo ativo e, quando a Europa sair da crise, a reprecificação do negócio vai criar valor para o nosso acionista", diz Ferraz.
O Brasil foi escolhido para a captação, que possui condições de mercados mais aquecidas neste momento. Mas Ferraz não descarta a possibilidade de uma dupla listagem. "Pode ser Brasil e Nova York ou Brasil e Hong Kong, preferivelmente, onde o apetite dos investidores está maior", diz.
Fonte: Valor Econômico (SP), 01 de março de 2011

Categoria: Mercado


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