Por circular entre as filas de automóveis, as motos podem vir por qualquer lado. Essa condução chegou a ser proibida pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), de 1997. Segundo a primeira redação do CTB, as motos deveriam transitar sempre pelo lado direito da pista, sendo vetado a elas circular entre as filas. O texto final do código, porém, excluiu essa exigência.
A pressa pode explicar a modificação. Da atual frota de 890 mil motos de São Paulo, cerca de 200 mil pertencem a motoboys, que usam o veículo para o trabalho, ganham por viagem que fazem e, por isso, não podem perder tempo parados no trânsito atrás de carros de passeio. O ziguezague nas vias é quase sempre questão de sobrevivência. E, algumas vezes, de morte, também.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Motociclistas da Cidade de São Paulo (Sindimoto-SP), Aldemir Martins de Freitas, conhecido como Alemão, justifica a pressa dizendo que o asfalto é o "escritório" do motoboy, único lugar que ele tem para demonstrar seu desempenho.
Também os pedestres ainda não se acostumaram com a nova realidade. As motos podem chegar pelo meio das filas de veículos parados e atingir o pedestre. Elas já respondem, hoje, por 19% das mortes por atropelamento na cidade.
Motofaixas
A Prefeitura de São Paulo ensaiou medidas para tentar melhorar a situação. Começou criando faixas exclusivas para motos. A primeira foi em 2006, na avenida Sumaré, zona oeste de São Paulo. Deu certo. A segunda, na avenida 23 de Maio, deu errado.
No ano passado a prefeitura insistiu na ideia e inaugurou uma nova motofaixa, dessa vez na rua Vergueiro. Com 3,5 km, a faixa exclusiva liga a zona sul à região central de São Paulo.
Os motociclistas querem novas faixas em outras avenidas da cidade. A marginal Tietê é uma delas.
Fonte: UOL Notícias, 5 de abril de 2011