A Prefeitura de São Paulo - conforme noticiário na mídia, transcrito no boletim do Sindepark - deve mudar o sistema de Zona Azul, incluindo, entre as novidades, vagas verticais com lugar para 400 carros em áreas saturadas, como os Jardins.
Vagas verticais não são novidade em São Paulo. As garagens anexas aos shopping centers são, em geral, verticais, com acessos e saídas por rampas. Em alguns edifícios, os primeiros andares são de garagens, igualmente com acessos por rampas. E, no centro da cidade, foram construídos diversos edifícios-garagens, alguns deles com elevadores.
Esses últimos, em geral, estão decadentes, pichados e mal conservados.
Edifício-garagem com elevador é uma experiência abortada na cidade de São Paulo. Os que foram construídos, por volta dos anos 60, ainda se sustentam, operando exclusivamente em horário comercial. Mas não houve continuidade nos investimentos.
As garagens são complemento da ocupação residencial ou comercial e não contam - até os limites legais - como área construída, de tal forma que o seu custo é incorporado às residências, escritórios ou lojas vendidas. O custo principal é do terreno.
Quando construídas para uso exclusivo de garagens, não há como transferir os créditos de área construída e seus proprietários têm de arcar com o custo do terreno.
A eventual vantagem está no custo menor da construção, por conta dos acabamentos. Os edifícios-garagens não têm janelas, mantendo vãos abertos. Tampouco acabamentos nas paredes. E podem utilizar melhor a iluminação natural, reduzindo o custo de energia, que é obrigatório nas garagens subterrâneas.
Mesmo com custos reduzidos de construção, um investimento num edifício-garagem fica inviável pelas tarifas de Zona Azul, mesmo com o aumento programado.
A saída está na construção de conjuntos com um volume de vagas superiores às necessidades específicas do conjunto, para serem operadas como estacionamentos privados, porém, abertos ao público, mediante o pagamento de tarifas.
Mas aí não cabe uma licitação pública para a construção. Quando muito, a Prefeitura poderia fazer um certame para "alugar" vagas em edifícios, para uso como Zona Azul.
Um problema adicional a considerar é que a Zona Azul é um sistema de autoestacionamento ("selfparking"), podendo ser controlado por parquímetros. Nos edifícios-garagens, o sistema é controlado por cancelas ou uso de manobristas. Nesse último caso, há um aumento de custos operacionais.
Se não for adequadamente considerada a viabilidade econômica, as eventuais licitações que a Prefeitura pretende realizar resultarão em vazias.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.