Em 69% das indenizações pagas no ano passado, a vítima do acidente de trânsito sofreu invalidez permanente (352.495 casos, aumento de 47% em relação a 2011). O DPVAT também pagou indenizações por 60.752 mortes (aumento de 5%) e 94.668 reembolsos de despesas com assistência médica e suplementares por lesões de menor gravidade (aumento de 38%).
O perfil das vítimas se mantém o mesmo ao longo dos anos. Ano passado, a maioria (40,97%) foi de homens entre 18 e 34 anos. Mais uma vez as motos lideram o ranking de indenizações em 2012, com 69% dos casos (embora representem 27% da frota). Os automóveis, que correspondem a 60% da frota, foram os responsáveis por 25% das indenizações pagas no ano passado. Caminhões ficaram com 4% e ônibus (ou micro-ônibus) com 2% das indenizações pagas.
Motos
Por região, o Nordeste passou o Sul e recebeu a maior quantidade de indenizações: 29%. Desses, 65% dos casos envolviam acidentes com motos e 29%, automóveis. O Sul ficou em segundo, com 28% das indenizações, seguido por Sudeste (25%), Norte (10%) e Centro-Oeste (8%).
"A quantidade de indenizações pagas a vítimas de acidente com motos cresce ano a ano. Há alta frequência de pequenos acidentes com este tipo de veículo, o que sempre gera lesões", observou Ricardo Xavier, presidente da Seguradora Líder.
Em 2012, o seguro DPVAT arrecadou R$ 7,14 bilhões. Desses, 50% são repassados obrigatoriamente ao governo para serem empregados no SUS e Denatran.
Para Dirceu Rodrigues Alves, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, os acidentes de trânsito no Brasil são uma "doença epidêmica generalizada": "Para se ter uma ideia, 596 pessoas morreram de dengue no País em 2010. No mesmo ano, morreram 42.844 em acidentes de trânsito, 10.894 motociclistas. Gasta-se uma fábula de dinheiro para combater a dengue, o que é correto, mas o governo está esquecendo o trânsito. Não vemos ações drásticas para debelar essa doença."
Como soluções de curto prazo para reduzir os acidentes de trânsito, Alves defende que as autoescolas sejam obrigadas a ter simuladores para treinamento de candidatos a motociclistas, adoção de faixas nas vias para separar veículos leves dos pesados, exame periódico anual de motoristas (hoje é feito a cada cinco anos), além do reforço na fiscalização e punição de infratores.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 27 de fevereiro de 2013