Diante dos congestionamentos em determinadas áreas da cidade, principalmente a central, provocada pelo excesso de carros, cuja consequência é uma redução da velocidade média, o pedágio urbano é apresentado como uma solução para resolver o problema.
Pressupõe-se que tendo que pagar para ingressar e circular na área pedagiada o motorista preferirá não ir de carro, substituindo-o pelo transporte coletivo.
Essa solução, no entanto, precisa ser equilibrada para evitar "jogar o bebê junto com a água suja do banho".
Um ônus ou restrições demasiadas fariam com que alguns motoristas não apenas deixassem de ir de carro para a área, mas deixassem de ir para a área. Se essa fuga fosse elevada, a área perderia a sua vitalidade, como destino, e deixaria de ter congestionamentos, mas também atividades econômicas, podendo vir a se degradar.
A reação ao ônus para ingressar e circular na área pedagiada é diferente entre o motorista empregado e o motorista empregador/decisor.
O primeiro procura manter o emprego na área pedagiada e, diante do custo mais alto, tende a substituir o carro pelo transporte coletivo, mantendo a sua movimentação na direção da área pedagiada.
Já o empregador, diante de um custo que ele considera excessivo, muda de local, deixando de ir à área pedagiada. E leva consigo os seus empregados, esvaziando a área controlada.
O grande desafio está em instituir o pedágio sem provocar o esvaziamento urbano.
A oneração do motorista pode ser feita tanto pelo pedágio como pelo estacionamento pago.
Para isso, seria necessário eliminar todas as vagas gratuitas nas vias públicas dentro da área controlada.
Qual seria a reação negativa maior: a instituição do pedágio ou a eliminação das vagas nas vias públicas?
*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.