O combustível é o principal vilão do orçamento do automóvel e passou a pesar ainda mais após o reajuste dos preços pela Petrobrás no final de janeiro, destaca O Estado. A gasolina teve uma alta de 6,6% nas refinarias, o que significou um aumento entre 4% e 5,3% nos postos, segundo dados de consultorias. Já o álcool, que está na entressafra, subiu 4,89% e foi o principal responsável pela aceleração da inflação do carro no mês passado, segundo a agência AutoInforme.
Com os preços do setor em alta, o brasileiro compromete uma fatia cada vez maior da renda para cuidar desse bem. Uma pessoa com salário mensal de R$ 5 mil, por exemplo, usaria 35,5% da renda para comprar e manter o veículo (considerando o financiamento). "Não existe um porcentual limite, mas é complicado uma pessoa ou família alocar mais de 20% para despesas de transporte", alerta Marcia.
Quase um filho
"Excluindo os gastos com educação, o carro custa mais que um filho no dia a dia", afirma o educador financeiro Mauro Calil. Uma pessoa que faça grandes deslocamentos e use um tanque de álcool por semana, por exemplo, gastará cerca de R$ 450 por mês de combustível, calcula Calil. "Esse valor às vezes é a compra de mês de uma família."
Ele destaca, ainda, que quem tem carro necessariamente tem dívida, mesmo que ele já esteja quitado. "A dívida chama-se Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Se não pagar, o governo pode tirar o carro e outros bens da pessoa."
Estratégias
"O carro obviamente melhora a qualidade de vida, mas se esse bem representa 30% do orçamento, a pessoa estará abdicando de lazer para manter o automóvel", diz Calil. Para reduzir os custos sem abrir mão da comodidade, o educador financeiro cita duas alternativas.
A primeira é adquirir um veículo mais barato, que também terá custos menores de manutenção. Alguns modelos populares oferecem muito conforto e são boas opções. Já para os casais, a saída é ter apenas um veículo. "Em vez de dois carros de R$ 35 mil, por exemplo, o casal pode ter um de R$ 50 mil. Será uma economia de R$ 15 mil e menos despesas."
Já para quem está no vermelho, o conselho é mesmo vender o automóvel. "Fique sem o veículo por seis meses ou o tempo necessário para equilibrar as finanças. E depois repense quanto do orçamento poderá ser comprometido", diz Marcia. Segundo ela, é interessante refletir se com o dinheiro seria possível morar melhor ou educar melhor. E só então tomar uma decisão.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 27 de fevereiro de 2013