Além do índice de redução recorde ao menos desde 2005, a quantidade de vítimas também é a menor desde aquele ano, quando a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) passou a adotar os atuais critérios estatísticos.
A queda foi puxada pelos atropelamentos - as mortes de pedestres caíram 37% no bimestre, de 97 para 61, menor número em oito anos.
Especialistas citam ao menos três hipóteses para os resultados: a lei seca mais rígida, em vigor desde dezembro; aumento da fiscalização; e campanhas como a de respeito aos pedestres na faixa.
A nova lei seca elevou a multa por embriaguez ao volante no país de R$ 957,70 para R$ 1.915,40. Também tornou válidos novos meios além do bafômetro para identificar um condutor alcoolizado, como testes clínicos e depoimento do policial.
Desde que a nova legislação passou a valer, a quantidade de mortes nas rodovias federais e estaduais também caiu nos principais feriados.
Programa
A CET atribui os resultados ao amadurecimento do programa de proteção a quem anda a pé pela cidade, que completa dois anos.
Além de campanhas sobre a travessia, a companhia passou a multar condutores que desrespeitam a prioridade de quem está a pé. Desde agosto de 2011, foram mais de meio milhão de multas.
O consultor e especialista em trânsito Alexandre Zum Winkel diz serem "indiscutíveis" os efeitos positivos do programa de proteção ao pedestre, mas aponta outros fatores a serem considerados. "A lei seca impactou demais. As pessoas passaram a ter medo da punição e não se arriscam a dirigir e beber."
Ele afirma que a quantidade de mortes de pedestres, porém, ainda é significativa - uma por dia. "O número ainda é muito alto, apesar de indicar uma queda", diz.
"O fato de a aplicação de multas ter aumentado muito reflete também na queda do número de mortes. Mexer no bolso do motorista tem efeito imediato na segurança do trânsito", afirma Luis Antonio Seraphim, engenheiro e consultor em trânsito.
A CET diz que vai intensificar a fiscalização das leis de trânsito que protegem os pedestres.
Em 53 corredores monitorados pela companhia, 1.854 agentes vão dedicar um turno de trabalho exclusivamente para flagrar quem comete infrações como deixar de dar preferência, estacionar na faixa, deixar de dar seta e avanço do sinal vermelho.
Fonte: Folha de S. Paulo, 12 de maio de 2013