Na visão de especialistas em engenharia de tráfego, a tendência é positiva, e pode ser atribuída a fatores como o aumento da fiscalização e da própria disposição das pessoas em denunciar as "tralhas" que ocupam suas ruas. No entanto, os impactos reais devem ser vistos com bastante cautela. "Tenho certeza que isso é muito pequeno. É só um pedacinho do que de fato existe", afirma o consultor de tráfego Flamínio Fichmann, ex-técnico da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). "Esses carros têm de ser somados àqueles sem condições de circular e destruídos", defende Luiz Celio Bottura, ombudsman da Secretaria Municipal de Transportes.
São Paulo chegou à marca de 7 milhões de veículos em março, mas, como nem todo carro que deixa de rodar é retirado da estatística pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran), muitos já podem ter virado sucata, explica Fichmann.
Um exemplo de carro ignorado pelo sistema foi visto nesta terça-feira pela reportagem no Paraíso, nos limites da Subprefeitura da Sé. Largada sobre a calçada, na Avenida Armando Ferrentini, a minivan Chrysler Caravan já não lembra em nada o carro de luxo que era em 1999, quando saiu da fábrica.
O aposentado Raimundo Barbosa, de 72 anos, testemunhou quando o veículo foi deixado na porta da sua casa, há quase três meses. Segundo a Polícia Civil, não há queixa de roubo do veículo. No entanto, ele está com o IPVA e o licenciamento atrasados desde 2007 e possui um volume grande de multas, não especificadas pelo Detran.
A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras informou que a Subprefeitura da Sé enviará fiscalização ao local. A unidade recolheu 82 carros este ano e 147 em todo o ano passado.
De acordo com a Lei Municipal 13.478, de 2002, são considerados abandonados os carros parados no mesmo lugar por mais de cinco dias após a notificação. O Código de Trânsito não prevê multa para isso.
Fonte: Jornal da Tarde, 21 de julho de 2011