Diferentemente das ciclovias, onde o tráfego das bicicletas é isolado, a rota de bicicleta consiste em uma via compartilhada que funcionará 24 horas por dia. Na prática, o novo serviço é uma forma de a Prefeitura cumprir o artigo 58 do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê preferência para bicicletas em todas as vias públicas urbanas.
Mas nem bem surgiu e a ciclorrota já é motivo de polêmica. O ponto que poderá causar mais discussão é o limite de velocidade de 30 km/h nessas vias, eminentemente residenciais. A exceção ficará por conta das Ruas Alexandre Dumas e Verbo Divino, onde o limite será de 40 km/h - a justificativa é que contam com tráfego mais intenso e servem de passagem de ônibus. Não estão previstos radares.
Os cinco motoristas de automóveis entrevistados pela reportagem condenaram a iniciativa. O temor é que a disputa por espaço será semelhante à que já existe entre carros e motos.
Taxistas se mostraram pessimistas em relação aos horários de pico, quando diversas ruas do trajeto, entre elas a Alexandre Dumas, ficam travadas. A Secretaria dos Transportes informou que o tráfego menor e menores inclinações das vias foram levados em consideração para a definição do percurso.
Percurso
O cenário da ciclorrota é bastante variável. Tem ruas bucólicas, onde pessoas andam na rua sem se preocupar com os automóveis, como a Farrapos. E outras mais agitadas, como a Cancioneiro Popular, cheia de comércio. Além dos parques, a rota passa por universidades - Unip e Uniban - e pelo Consulado dos Estados Unidos. A reportagem encontrou quatro ciclistas que dizem já usar as vias agora incluídas na rota para ir ao trabalho ou por lazer.
André Pasqualini, da ONG Ciclo BR, afirma que "a iniciativa é boa". "É um eixo entre bairros que leva em conta ruas arborizadas, com menos tráfego." Segundo ele, fazer uma ciclorrota é tornar oficial algo que os ciclistas já faziam informalmente, que era indicar no asfalto um eixo.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 20 de julho de 2011