Quando ninguém mais consegue sair do lugar, qualquer espaço vazio lembra uma rota de fuga. Mas só fica vazio porque é contramão. E escapar pela contramão não é só fazer da própria pressa um perigo para os outros. Também é furar a fila na maior cara de pau.
Paciência, respeito pela ordem de chegada. Tem muito motorista que não sabe o que é isso. Não existe mais contramão. Os carros cortam no sentido contrário sem pudor para cruzar primeiro. Ficam na contramão e quem vem no sentido contrário tem apenas uma faixa para usar. Na disputa para ver quem tem mais pressa, um quase bate no outro.
O Jornal Nacional mostrou as imagens ao consultor em trânsito Jaime Waisman. "Fica uma situação de salve-se quem puder. Todos forçam a passagem e todos acabam atrapalhando uns aos outros", avaliou o especialista.
E nem precisa de tanto carro. Sozinho, um motorista que avançou no sinal vermelho já atrapalha a vida de muita gente.
Um carro também passa no vermelho e acaba preso no meio da avenida. É obrigado a esperar a vez. E, enquanto espera, a motorista comete uma segunda infração: atendeu o telefone celular.
A pressa atropela a noção de segurança. Um carro vermelho deixa para mudar de faixa na última hora e vai cruzando na frente dos outros.
Um motoqueiro parece que nem vê o tamanho do perigo.
Uma área de zebra, cheia de obstáculos, separa uma pista da outra. Elas não se comunicam. Mas, na hora do congestionamento, quando o motorista olha para o lado e acha que a outra pista vai melhor, não tem zebra que segure. Mas, afinal, de que lado o trânsito está melhor?
Andar na zebra é infração gravíssima. Custa sete pontos na carteira e mais de R$ 500 de multa. Mas tem gente que não parece muito preocupada.
Nem motoristas profissionais respeitam. O congestionamento começa lá longe, mas o taxista vem furar a fila na frente, por cima da zebra. E ainda fica bravo porque a equipe de reportagem filmou.
Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), São Paulo tem quase 1,6 mil fiscais de trânsito.
"Se tem ou não o agente, as pessoas têm que seguir o código, têm que seguir as regras de trânsito. Se fazem isso, elas colocam em risco a segurança do trânsito", diz o gestor de trânsito da CET, Edward Nogueira.
"Acho que as pessoas deveriam ter um pouco mais de calma. Se todo mundo prestasse atenção no que está fazendo, não falasse no celular, o trânsito fluiria. E todo mundo acabaria chegando sem arriscar a vida dos outros", ressalta o engenheiro de sistemas Gustavo Torres.
Fonte: Jornal Nacional (TV Globo), 23 de janeiro de 2013