Parking News

Por Jorge Hori *

O centro das cidades se desenvolve como um polo de comércio varejista, de prestação de serviços, de escritórios, tanto da Administração Pública como de empresas privadas, tornando-se o principal sítio de atração da população da cidade. Quanto maior a cidade ou o seu poder econômico, maior é a sua estruturação, incorporando duas grandes atividades: os bares e restaurantes, destinados à alimentação fora de casa ("food service"), e os estacionamentos para os automóveis.
O crescimento da demanda, o excesso de pessoas e de automóveis leva à saturação e, como reação, a migração de parte das atividades urbanas para outros locais, formando novos polos especializados ou subcentros de atividades urbanas integradas.
Com essa saída de atividades do centro original, muitos imóveis ficam vazios, com a busca dos seus proprietários por um novo uso, para manter o seu valor econômico e a geração de renda de alugueis. Duas têm sido as alternativas reais principais: o uso para restaurante e o estacionamento.
O uso para restaurante requer investimentos e melhorias nas condições físicas do imóvel, contribuindo para a sua revitalização. Já os estacionamentos buscam a utilização dos imóveis desocupados sem melhorias, com eventuais demolições de partes, contribuindo para a degradação da área onde estão localizados.
No caso da reocupação para serviços de gastronomia, pode haver uma graduação ("up grade"). No caso dos estacionamentos, o usual é o "downgrade", isto é, a degradação.
Como isso ocorre e como se sustenta?
O centro é o tradicional local do comércio varejista, com os lojistas se instalando em função do tráfego de pessoas. A região central, além de concentrar atividades de escritórios, torna-se o principal hub do transporte coletivo, onde as pessoas fazem as transferências. Ao longo dos trajetos de um terminal a outro se instala o comércio.
Com a descentralização das atividades urbanas, muitas lojas migram para outras áreas da cidade, deixando desocupados os imóveis que anteriormente ocupavam. Para manter uma renda do imóvel, não tendo outra opção, o proprietário aluga para um estacionamento. Esse tem a demanda dos servidores públicos obrigados a trabalhar no centro, por decisões voluntaristas das autoridades públicas e daqueles que precisam da "burocracia pública".
O comércio de maior padrão fugiu para os shopping centers em bairros e deixou no centro o comércio de baixo padrão e os restaurantes dos "quilões", que só funcionam para almoço.
A grande pergunta é se há possibilidade ou perspectiva de retorno do comércio hoje instalado nos shopping centers para o centro da cidade, fazendo dele um grande shopping de rua, como ocorre em Nova York, onde estou neste momento.
Nesse caso, os imóveis hoje tomados pelos estacionamentos irregulares voltariam à sua função original de abrigar o comércio, deixando apenas os estacionamentos regulares.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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