Pedro Alcântara e os outros proprietários de Porsches, BMWs, Mercedes, Land Rovers e outros modelos de luxo (premium, esportivos caros e SUVs) não correm o mesmo risco de confusão. O mercado diz que o branco, nesses carros, longe de banalizar ou igualar, destaca seu porte, suas linhas, sua grife.
Especialistas afirmam que a cor alude ao futuro, à ecologia, ao politicamente correto. O branco do carrão seria um sinal de engajamento AAA em um mundo poluído. "A gente não pode esquecer que o branco reflete o calor, não o absorve, como o preto", diz a gerente de cores e acabamentos da GM, Cristina Belatto. Isso é vendido como fator positivo em um momento de aquecimento do planeta.
Na Hyundai, explicam que o branco do carrão é diferente do que se disponibiliza nos menores. Modelos como Santa Fé e Vera Cruz, que têm um padrão luxo, levam mais camadas de tinta e recebem acabamento perolizado.
A julgar pelos números, os marqueteiros acertaram na mensagem. A BMW registrou um aumento da procura da cor branca: foi de 3%, em 2007, para 45%, em 2011. Cláudio Lima, vendedor em uma concessionária Mitsubishi, diz que a espera por um Pajero Full branco pode chegar a 120 dias.
Rodrigo Fioco, do marketing da GM, conta que há até dois anos o branco não era uma cor disponível para o Captiva; hoje, já representa 30% das vendas por mês. "Estamos ajustando a produção de unidades brancas à demanda do mercado."
Fila
O empresário Nasib Rabah, há dois meses proprietário de um Camaro branco, diz que já há uma fila de pretendentes de olho no carro. "Como eu havia encomendado dois, estou esperando o segundo chegar para vender bem o primeiro."
Segundo Rabah, que viaja muito a trabalho, o branco é "uma tendência mundial". "Estive no Líbano há pouco, só dá branco. Nos Estados Unidos, se você vai nas grandes cidades, os carrões são todos brancos."
Fonte: O Estado de S. Paulo, 24 de agosto de 2011