Durante três dias, a Veja Rio percorreu mais de 300 km, o equivalente a uma viagem de ida e volta até Cabo Frio, na região dos Lagos, para testar se os dados anunciados pelos radares eram, de fato, aqueles que os motoristas iriam encontrar pela frente. Na verdade, eles dão apenas uma ideia aproximada da espera. De dez trajetos testados, somente um foi percorrido no tempo anunciado. Outros dois foram mais rápidos que o previsto, e nos sete percursos restantes o carro da reportagem chegou bem depois, gastando até dezoito minutos a mais do que o prometido. Embora tenha 90% de erro, a medição é feita através da tecnologia OCR, sigla em inglês para Optical Character Recognition, sistema que converte imagens digitalizadas em arquivos de texto, assim como faz um scanner. Muito utilizada no exterior na aplicação de multas, especialmente em cidades como Nova York, Los Angeles e Tel-Aviv, a tecnologia OCR começou a ser usada no Rio em 2007, para penalizar automóveis flagrados na faixa seletiva da Avenida Brasil. Só dois anos depois o programa capaz de calcular as distâncias em minutos foi posto em funcionamento nas vias mais congestionadas.
Cada um dos 33 pontos de medição custa 18.000 reais por mês, mas é suscetível ao erro. Segundo a Companhia Estadual de Trânsito (CET-Rio), responsável pela manutenção dos equipamentos, há duas ocasiões em que são produzidos dados incompatíveis. A primeira é quando a rede de transferência de dados cai e o computador interrompe a medição. Não raro os radares passam então a indicar o ritmo do trânsito (bom, lento ou intenso). A outra é quando ocorre algum evento inesperado na pista, como um atropelamento ou colisão, não captado pela última aferição. O fato é que, nas sete ocasiões em que o tempo ultrapassou o previsto, não havia nenhuma barreira no trajeto testado. Pelo visto, alguns motoristas estimam o tempo de viagem com mais precisão do que esses aparelhos.
Fonte: Revista Veja Rio, 24 de agosto de 2011