"O governo decidiu impor barreiras às importações sem nos avisar, sem discutir. Ao impedir a emissão de licenças automáticas, todas as importações, e não só as da Argentina, são prejudicadas", diz o executivo.
"É correta a decisão do governo de reagir a medidas protecionistas que contrariam acordos bilaterais. Mas não se pode afetar empresas, que, em seu conjunto, recolherão mais de R$ 5 bilhões em impostos. São 27 mil trabalhadores brasileiros empregados em 771 concessionárias associadas à Abeiva."
Gandini diz que as importadoras asiáticas podem começar a ter problemas de abastecimento em um prazo de 30 dias.
Incertezas
Para associação, que representa 30 marcas internacionais estabelecidas no país, o mais importante agora é saber se o governo vai começar a autorizar já a liberação das guias de importação.
Para Gandini, houve uma falha grosseira de informação. "Não podíamos ter sido pegos de surpresa. Se as guias que temos não valem mais desde terça-feira, como ficam as empresas?"
Contraponto
Para o diretor-superintendente da Jato Dynamics do Brasil, Luiz Carlos Augusto, as medidas adotadas não vão prejudicar o consumidor nem afetar o mercado interno. "Se considerarmos por marca, por modelo e por versões existem hoje no país, há 900 diferentes veículos, à disposição do consumidor. São muitas alternativas, se ele não encontra um modelo parte para outro", diz o consultor.
"A atitude do governo foi focada na Argentina, não há um bloqueio generalizado que trará impactos ao mercado interno", opina.
Anfavea
A Anfavea, que reúne as montadoras que têm fábrica no país, não sabia informar dia 13 de maio a quantidade de embarques parados da Argentina para o Brasil e que montadoras estavam com modelos parados na fronteira.
O jornal argentino "Clarín", porém, informou que 2.000 automóveis aguardavam liberação na fronteira para entrar no Brasil desde o dia 10.
A associação prefere aguardar os próximos dias para se pronunciar sobre a questão e informa que é esperado que, em função da mudança no sistema de liberação de licenças de importação, exista algum reflexo na quantidade de veículos trazidos principalmente da Argentina.
Parceiro comercial
A Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil no setor automobilístico. Do total de 193.024 veículos importados pelo Brasil no primeiro trimestre deste ano, 42,2% vieram da Argentina, ou 83.791.
Fonte: Folha Online, 14 de maio de 2011