A utilização do etanol passa a ser vantajosa quando o produto fica abaixo de 70% do valor da gasolina, o que não vinha ocorrendo neste período de entressafra.
Capital paulista
Levantamento publicado no último sábado na Folha já apontava a mudança. Pesquisa em 50 postos de São Paulo indicou que o álcool hidratado teve recuo médio de 9,2% na semana passada, enquanto a gasolina passou a custar 1,3% menos. Os preços médios praticados pelos postos paulistanos equivalem a 69% do valor pago pela gasolina.
A recomendação do governo para que a distribuidora BR reduzisse os preços da gasolina e do álcool surtiu efeito. Vários estabelecimentos da rede reduziram os preços da gasolina em 4%.
As maiores quedas do derivado de petróleo, no entanto, ocorreram na rede Esso, controlada pela Cosan, a maior produtora de álcool do país. A gasolina chegou a cair 8% nesses estabelecimentos.
Já a queda do álcool hidratado ficou mais bem distribuída entre os postos das diversas redes, vários deles com redução acima de 10% na semana. Algumas quedas chegaram a 18%.
A queda de preços dos combustíveis deverá continuar. Alguns donos de postos afirmaram à Folha que devem reduzir ainda mais os valores a partir de segunda-feira, dia 23, quando receberão combustíveis com preços abaixo dos do estoque atual.
Safra
A queda nos preços da gasolina ocorre porque a entrada da safra da cana permitiu uma oferta maior de álcool anidro, misturado ao derivado de petróleo. O mesmo ocorre com a retração nos preços do álcool hidratado, que também teve oferta maior devido ao avanço da safra.
Se o preço cai nos postos, despenca na usina. O álcool anidro, que já havia caído 21% na semana passada, teve recuo de 25% nesta.
O hidratado recuou 9%, segundo pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Mirian Bacchi, coordenadora das pesquisas de etanol do Cepea, afirma que a migração dos consumidores de carro flex para o álcool, e o consequente aumento da demanda por esse combustível, manteve os preços do hidratado firme nos últimos dois dias.
Diante da queda acentuada do álcool anidro nesta semana, é provável que o ritmo de recuo dos preços da gasolina nos postos seja mais acentuado do que o do álcool, que deve registrar demanda maior nas bombas.
Fonte: UOL Notícias, 16 de maio de 2011