Nessa combinação, 28 mil vagas serão "transferidas" de vias com trânsito difícil para aquelas garagens. Tudo isso com o objetivo de "liberar as ruas para o tráfego" e dar-lhe maior fluidez, segundo o secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes. As empresas escolhidas, por licitação, para a construção das garagens terão a concessão para explorar o serviço por 30 anos, prazo depois do qual elas passarão ao Município. A cidade foi dividida em dez lotes e a Prefeitura definiu o número de vagas de Zona Azul a serem criadas e de garagens a serem construídas em cada um deles.
As concessionárias poderão explorar a Zona Azul dos lotes em que construirão garagens, o que quer dizer que o dinheiro arrecadado vai para elas. Com isso a Prefeitura pretende resolver um dos principais problemas que tem desestimulado as empresas do setor a investir em garagens verticais ou subterrâneas - a concorrência das vagas de Zona Azul das imediações, que são mais baratas e por isso tiram delas muitos clientes, tornando pouco atrativo o negócio. Mas a vantagem oferecida às empresas é menor do que parece, porque elas terão de repassar à Prefeitura um porceutual, ainda não fixado, da arrecadação da Zona Azul de seu lote. Ou seja, o problema a rigor continua sem solução.
Outro problema a ser resolvido é o das tarifas que as empresas poderão cobrar pela utilização das vagas nas garagens. Em vez de lhes dar a liberdade que sempre reivindicaram para a exploração de empreendimento no qual terão de realizar altos investimentos - cada vaga em estacionamento vertical custa em média R$ 30 mil -, o prefeito Kassab já fala em rígida limitação. "A proporção será uma vez e meia a mais para quem ficar na garagem, em comparação com quem tiver o carro na rua, na Zona Azul", diz ele, o que poderá ser considerado insuficiente pelas empresas. Foi a falta de solução satisfatória para esses problemas, enfrentados pelas poucas garagens existentes, a responsável pelo desinteresse das empresas no negócio e o consequente malogro de vários projetos de garagens subterrâneas, lançados no governos Marta Suplicy e Kassab.
Fonte: Jornal da Tarde (SP), 12 de dezembro de 2009