Desde o ano passado a Nissan testa localmente tecnologia de propulsão alternativa que cai como uma luva para o Brasil: um veículo a Célula de Combustível por Óxido Sólido (SOFC), a e-Bio. Na prática, é um veículo que utiliza etanol para produzir a eletricidade que serve de combustível para o veículo. “É uma tecnologia com ciclo de carbono neutro, que emite apenas H2O e CO2, mas que é compensado com o plantio da cana-de-açúcar para fazer o etanol”, esclarece Ricardo Abe, gerente de engenharia da montadora para o País. O primeiro ciclo local de testes com o modelo foi concluído. Agora o desenvolvimento deve seguir em curso na matriz da companhia no Japão.
Os veículos eram versões adaptadas do utilitário elétrico NV200 produzido na Espanha e equipado com o mesmo trem de força do Leaf, com motor de 107 cv. Neste caso, no entanto, foi adicionada a célula de combustível que gera eletricidade, sistema que pesa cerca de 250 quilos e ocupou boa parte do furgão. “O tamanho é o maior desafio, algo que precisa ser desenvolvido para ficar menor. É ainda inviável para um automóvel”, reconhece o executivo, estimando que a tecnologia vai amadurecer apenas depois de 2020. Assim, só na próxima década a Nissan poderá estudar a produção comercial da tecnologia.
O conjunto do veículo foi importado e montado no Brasil. O desenvolvimento da tecnologia aconteceu no Japão. Enquanto isso, o papel dos engenheiros brasileiros foi checar a viabilidade da solução para o mercado local. Em cerca de 3 mil quilômetros rodados nos testes, a empresa garante que já foi possível entender que a solução é promissora. “É bem mais barato do que a célula de hidrogênio porque dispensa a inclusão de um tanque de materiais nobres, como a platina”, diz. Outro ponto importante, destaca Abe, é que, pelo menos no Brasil, a infraestrutura de recarga de etanol já está estabelecida. Por causa disso, a solução é tão interessante para o mercado local. “A tecnologia também tem bom potencial nos Estados Unidos e na Ásia, regiões que usam etanol”, conta. O veículo promete autonomia superior a600 quilômetroscom um tanque de30 litrosdo biocombustível. Segundo o gerente, o custo por quilômetro rodado é bastante atrativo: de apenas R$ 0,10. O valor seria inferior ao de um carro a gasolina, que custa cerca de R$ 0,30/km, e apenas um pouco acima do de um carro elétrico plug in, que tem valor estimado em R$ 0,09/km.
Fonte: revista Automotive Business, 09/05/2017