A Uber foi criada em 2009 sem grandes pretensões. A ideia era só oferecer uma solução de transporte rápido na época em que chamar um táxi poderia acarretar espera de 30 minutos. Anos depois, além de se tornar a maior plataforma de transporte individual do mundo, o negócio provocou uma externalidade bastante positiva: reduzir o trânsito de grandes cidades. Ao menos esta é a conclusão de Daniel Mangabeira, diretor da empresa no Brasil.
“Há 1,2 bilhão de veículos em circulação no mundo, mas as ruas e artérias das cidades são um bem escasso”, diz. O executivo destaca que os carros são responsáveis por 22% das emissões de gases do efeito estufa do planeta. No Brasil, os congestionamentos causam R$ 156 bilhões em perda de produtividade para a economia, aponta.
“Não nascemos para resolver a mobilidade urbana, mas ao longo do tempo percebemos que podemos ser parte da solução”, disse o executivo em palestra no Growth, Innovation and Leadership Summit, o GIL 2017, promovido pela Frost & Sullivan em São Paulo, dia 11. Segundo ele, esta característica é mais evidente no serviço conhecido como Uber Pool, em que o aplicativo leva até quatro pessoas que saem de lugares próximos e têm destinos parecidos. Nas contas dele, em 2016 o uso do serviço fez com que carros deixassem de rodar 502 milhões de quilômetros no mundo com só um passageiro. “É uma forma de melhorar a ocupação da nossa frota também”, diz.
Ao deixar de circular os milhões de quilômetros adicionais, Mangabeira aponta que a frota parceira da empresa deixou de emitir 55 mil toneladas de CO2 e economizou no consumo de 23,4 milhões de litros de combustível. Os números são grandes mesmo com a participação modesta da modalidade nas corridas feitas pela plataforma de transporte: só 4% das viagens são de Uber Pool, número que deve subir para 25% até 2030, calcula.
Para o executivo, a maior ruptura deve acontecer com a chegada de carros autônomos nos próximos anos e com a integração deles na frota da empresa. Mangabeira destaca um número apurado em estudo da Morgan Stanley: os carros sem motorista têm potencial para diminuir em 90% o número de carros nas ruas. “Por isso já começamos a trabalhar para desenvolver e integrar estes modelos à nossa frota”, diz, destacando que o porcentual só será tão significativo se o uso dos veículos for compartilhado.
Fonte: revista Automotive Business, 11/05/2017