A necessária evolução tecnológica dos veículos, com avanço da conectividade e da autonomia, traz mais desafios do que parece. Esta é a conclusão da PwC, que pesquisou o assunto com o estudo 2017 Automotive Trends. “A indústria automotiva cresce em vendas e em lucratividade globalmente, cenário aparentemente positivo. Na análise aprofundada, no entanto, isso não é suficiente para compensar os investimentos cada vez maiores que é preciso fazer para reinventar o carro”, resume Nelson Gramacho, sócio da consultoria no Brasil.
Em2016 ademanda por carros avançou 4,8% e chegou a 88 milhões de unidades. As margens de lucro subiram ao maior patamar em 10 anos tanto para montadoras quanto para sistemistas, indica o levantamento. Por outro lado, o retorno para os acionistas encolhe ano a ano, assim como o retorno do investimento para as empresas. “Os números apontam que o setor é um lugar menos atrativo e lucrativo para se investir do que outras indústrias”, evidencia o estudo. Diante deste cenário, a consultoria indica que poucas empresas devem sobreviver aos próximos cinco anos, com dificuldade para atrair investimentos em um cenário ainda incerto.
“Não é um aporte concentrado e pontual. É uma mudança completa dos produtos e do modelo de negócios, que acontece em ritmo cada vez mais acelerado”, diz Gramacho. O especialista destaca que o esforço é para transformar o automóvel em mais um gadget para os consumidores, a exemplo de dispositivos como tablets e smartphones. A questão é que este novo contexto ainda é incerto, sem garantia de retorno futuro para os investidores.
REVOLUÇÃO NO DESIGN DO AUTOMÓVEL
Uma das áreas que deve receber investimento nos próximos anos é o design interno dos veículos, diz Gramacho. “Até hoje as empresas se preocuparam muito com o desenho externo dos carros, que é algo que atrai muito o consumidor. A questão é que os veículos autônomos invertem essa lógica”, determina. Ele enumera possíveis transformações no painel e nos recursos de conforto e entretenimento, tendo em vista que, com a automação, o veículo não terá motorista, apenas passageiros. “As empresas precisam pensar em como promover interação interna maior, com mobilidade dos assentos que não comprometa a segurança.”
Fonte: revista Automotive Business, 12/05/2017