Segundo a Agência Estado, a Abramet está em fase final de avaliação de uma nova diretriz de orientação que prevê que o profissional alerte sobre os efeitos colaterais no momento da prescrição do medicamento. A inclusão das cláusulas deve ser solicitada ao Conselho Federal de Medicina (CFM) em 60 dias. Outra medida defendida pela Abramet é a impressão, na caixa dos medicamentos, de um aviso sobre os efeitos colaterais para motoristas, como já ocorre em alguns Estados americanos.
Segundo o chefe do Departamento de Medicina Preventiva da entidade, Dirceu Rodrigues Alves, os psiquiatras deveriam ser obrigados a notificar os pacientes que fazem tratamento com drogas de tarja preta, para que suas Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) sejam suspensas durante o tratamento.
Para justificar essa medida, Alves cita uma pesquisa realizada por ele com 622 executivos paulistanos. Foi evidenciado que 73% eram usuários de ansiolíticos e 32% tomavam antidepressivos. "O efeito dessas medicações no organismo é muito semelhante ao provocado pelo álcool", afirma.
Ainda não há estudos conclusivos que relacionem acidentes fatais ao uso de medicações no Brasil. Mas, conforme publicações internacionais, a estimativa é de que 6% das colisões sejam provocadas por motoristas que fazem uso dessas substâncias. O toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas de São Paulo, é favorável à proposta do ministro. "Hoje, há tantos medicamentos que alteram o comportamento e podem passar despercebidos até pelos médicos que uma medida governamental não seria má idéia", disse.
Os efeitos dos remédios dependem do tempo de tratamento, de associação com álcool, outros medicamentos ou drogas, e de fatores como peso, altura e etnia. De acordo com os especialistas, o recomendável é um período de ao menos 6 horas entre a ingestão de um remédio e o ato de dirigir um carro. Confira os efeitos de cada medicação:
- Analgésicos (usados comumente contra dores): sonolência
- Ansiolíticos e tranqüilizantes (usados para controlar a ansiedade, por exemplo): sonolência, redução dos reflexos e demora no tempo de reação
- Antidepressivos (para depressão e transtornos de ansiedade, por exemplo): perda de cognição e dificuldade de visão
- Antiepilépticos (usados em epilepsia e transtorno de déficit de atenção): sonolência e confusão mental
- Hipnóticos (usados para combater insônia e induzir anestesia): sonolência
- Relaxantes musculares (para cólicas, por exemplo): sonolência e reações lentas
- Estimulantes (também presentes em medicamentos para emagrecer): irritabilidade e sono após o efeito
- Broncodilatadores (para desobstruir as vias aéreas): taquicardia, tremores e convulsão
- Antieméticos (para enjôos): sonolência
- Hipoglicemiantes e insulina (usados no tratamento de diabetes): tremores e convulsão
- Neurolépticos (para o tratamento de psicoses): redução dos reflexos, demora no tempo de reação, sedação e sonolência.
Fonte: Agência Estado, 30 de agosto de 2008