A estratégia do estudo contratado pelo Sinicesp (Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo), na prática, é deixar as sugestões na prateleira para acelerar a tomada de decisões por novas obras de interesse direto do setor.
Na avaliação de cinco especialistas entrevistados pela Folha, a proposta de expansão da malha viária principalmente voltada para os carros vai na contramão da necessidade de restrição ao transporte individual e de prioridade ao coletivo.
"Se a obra for para atender os ônibus, tudo bem. Se não, está na contramão da história", afirma Horácio Figueira, consultor de transportes. Já Claudio Barbieri, professor do departamento de transportes da Poli-USP, diz que são obras tentadoras para quem anda de carro. "Mas grande parte é pouco prioritária, num contexto em que há pouco dinheiro", analisa.
Entre os projetos viários que constam no estudo o da Marginal Tietê, ao custo de R$ 1,21 bilhão, prevê pista auxiliar entre as pontes dos Remédios e do Piqueri; cinco novas pontes, como junto às Avenidas Gastão Vidigal, do Estado e Otto Baumgart; construção da ligação Piqueri-Casa Verde, entre a Av. Raimundo Pereira de Magalhães e a Av. Braz Leme; construção da ligação Barra Funda-Penha, entre a Av. Rudge e Aricanduva. Para a Marginal Pinheiros, a proposta é de Nova pista expressa elevada no sentido Interlagos-Ceagesp, do Viaduto Ari Torres até a Ponte Cidade Universitária, implantação de pista local, sentido Ceagesp-Interlagos, entre a Ponte do Morumbi e futura Burle Max; sete novas pontes, como, por exemplo, junto à Av. Escola Politécnica, região do Ceagesp e da rodovia Castello Branco, ao custo de R$ 460 milhões.
Outras obras incluem a Avenida Roberto Marinho, com a construção de túnel de ligação com rodovia dos Imigrantes e saída para a Avenida George Corbusier, que custaria R$ 914 milhões; Avenidas 23 de Maio e Rubem Berta; Avenida dos Bandeirantes, que teria duas faixas exclusivas para caminhões e três passagens inferiores e um viaduto, que custariam R$ 266 milhões; Radial Leste e Elevado Costa e Silva.
O plano também prevê novos circuitos na cidade, como a interligação Butantã-Freguesia do Ó e a Vila Olímpia-Ipiranga, por meio de túneis, e semi-anéis centrais, como o complexo viário na intersecção das Avenidas Marquês de São Vicente e Antártica, passagem inferior no cruzamento das Avenidas Brasil e Rebouças.
Também há propostas de novas vias estruturados dos bairros, como a duplicação da Avenida Celso Garcia, na Zona Leste, com três faixas por sentido, marginais ao Córrego Itaquera e nova via na continuação da Avenida Jacu Pêssego, em direção a Mauá e ao Rodoanel.
Corredores de ônibus em várias regiões inclusos no "São Paulo por um trânsito melhor" somam 258 km de pistas exclusivas, orçados em R$ 2,55 bilhões. Um exemplo é o Berrini-Pinheiros, com 10,5 km, passando pela Berrini, Funchal, Olimpíadas e Faria Lima.
Fonte: Folha de S. Paulo, 1º de setembro de 2008