Cada vez mais, a vaga em estacionamento de edifícios é razão de bate-boca ou de olhares atravessados no elevador de condomínios Brasil afora. Os carros são pivô de 25% das confusões e ocupam o segundo lugar no ranking das lamúrias, segundo o sindicato da habitação (Secovi) de São Paulo - perdem apenas para barulho. As reclamações mais comuns são de motoristas que param de forma errada e invadem o espaço do vizinho. Boa parte dos embates vai parar na mesa da Câmara de Mediação dos sindicatos de habitação. Diante de um mediador, vizinhos expõem suas reclamações e tentam se entender sem recorrer ao Judiciário. Cada sessão, de uma hora, custa 100 reais.
A disputa por espaço é o principal motivo de discórdia. Cada cidade possui uma lei que estabelece regras para as construções, o Código de Obras e Edificações. Nele estão as dimensões que as vagas têm de seguir. Boa parte determina que qualquer garagem precisa ter 50% de vagas pequenas (para um Ka ou Uno), 45% de médias (para um Civic ou Corolla) e 5% de grandes (para picapes e utilitários). Mas nem sempre as normas são seguidas pelas construtoras. E quando o são, mostram-se desatualizadas diante da preferência por veículos grandes. Segundo dados da Fenabrave, as vendas de utilitários superaram em 15% as de sedãs.
"Na hora de comprar um apartamento, a maioria não se lembra de verificar o subsolo e descobre que o carro não cabe no espaço", afirma Márcio Rachkorsky, advogado especialista em condomínios.
Fonte: Revista Quatro Rodas (SP), fevereiro/2011