Parking News

Jorge Hori *

Com a ocorrência do blecaute na noite de terça-feira, dia 10 de novembro, com tamanha amplitude geográfica e duração, a indagação que se fazem aqueles atingidos, sejam pessoas físicas ou dirigentes empresariais, é se existe o risco de repetição e se devem (ou não) comprar geradores para suprir a falta de energia. Em ambos os casos, há um aumento de custos.
O assunto foi de pronto politizado, deixando a população sem respostas. O governo tentou minimizar a ocorrência, caracterizando-a como um pequeno incidente e tentando encerrar o assunto, sem que os relatórios técnicos indicassem o que, efetivamente, ocorreu.
A politização foi agravada pela comparação indevida entre o blecaute e o racionamento de 2001.
Blecaute já é o aportuguesamento de "black-out", que é um desligamento da energia elétrica, em geral, repentina e não programada. Decorre, na maioria das vezes, de uma sobrecarga em um transformador ou outro equipamento elétrico, para evitar um dano maior.
Nas casas, antigamente (ou ainda em muitas delas) existe o "fuzil", que queima e desliga a energia. O papel do fusível era, queimando, evitar o dano em toda a instalação elétrica da casa, ou até mesmo de gerar um incêndio. Para restabelecer a energia era necessário trocar o tal "fuzil". O fusível foi substituído pelo disjuntor, que desliga e, uma vez eliminada a sobrecarga, pode ser religado.
O blecaute é um desligamento mais amplo, que pode ocorrer por acidentes climáticos, como os raios, ventos que derrubam linhas etc.
A energia elétrica, no Brasil, é gerada predominantemente pelo uso de águas represadas ou em queda que movimentam as turbinas. Em geral estão distantes dos centros consumidores e a energia é transportada por linhas de transmissão em alta voltagem, depois reduzidas (ou transformadas, na linguagem elétrica) em linhas de menor voltagem até chegar às casas, com uma voltagem menor.
O sistema de transmissão está sujeito aos acidentes climáticos e, por isso, a partir das usinas há sempre ao menos duas linhas para garantir o transporte. Proteger toda a extensão da linha contra as intempéries ocorre de forma parcial, seja na estrutura das torres, para suportar os ventos, assim como das linhas, para evitar os raios.
Mas essas linhas convergem em determinados pontos, de redistribuição. Nesses pontos, como em Itaberá, são criados os para-raios e outros equipamentos para evitar que os raios atinjam as linhas.
Se os raios atingiram as três grandes linhas de transmissão de Itaipu em Itaberá, um dos pontos de convergência, foi porque os para-raios não funcionaram. Uma pergunta inicial deveria ser: por que raios os para-raios não funcionaram?
Uma segunda grande pergunta é por que o sistema elétrico interligado estava sendo suprido fortemente por Itaipu, com baixa utilização da energia das usinas mais próximas dos centros de consumo? Essa é ainda uma suposição, que será (ou deveria ser) evidenciada com a divulgação dos dados técnicos. Mas se baseia nas informações preliminares dadas a público.
Supondo que, de fato, houve um acidente com as linhas de transmissão de Itaipu, fazendo com que a usina parasse de rodar, pois teria havido um corte total na transmissão, por que não foram acionadas as demais fontes de energia elétrica para o pronto restabelecimento do fornecimento? Em outros termos, por que se demorou tanto para religar o sistema?
Na verdade isso foi feito em grande parte das regiões afetadas. Em muitas cidades, o restabelecimento não foi superior a 15 minutos.
O problema maior foi nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória, onde o restabelecimento levou de quatro a seis horas.
Uma explicação lógica seria de que, sem a energia de Itaipu, mesmo não sendo um horário de pico, com uma demanda reduzida, a oferta das demais usinas seria insuficiente para restabelecer a energia. Que só teria ocorrido com o restabelecimento do suprimento por Itaipu. Se essa versão for verdadeira, continuaremos sujeitos a novos blecautes, com durações imprevisíveis.
É preciso que o governo, com base nos dados técnicos, que indiquem o que realmente ocorreu, não apenas com a causa inicial, mas também com a sequência e os procedimentos de religação, diga como irá reduzir a probabilidade de ocorrência.
Sem isso, os empresários terão de adotar medidas próprias de salvaguarda, o que irá encarecer os custos e os preços dos seus produtos e serviços.


* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

Categoria: Fique por Dentro


Outras matérias da edição

Montadora inova com cinto inflável (10/11/2009)

Fazer uso do cinto de segurança é uma das atitudes imprescindíveis para um passeio de carro seguro. Porém, a lei que obriga todos os passageiros a usar o acessório não é uma constante na vida de algum (...)

Rio Rotativo no Saara (13/11/2009)

O estacionamento que funciona aos sábados ao longo da Avenida Presidente Vargas, e que serve de apoio ao comércio da Saara, será operado pelo sistema Rio Rotativo a partir deste fim de semana. Os moto (...)

Hora Park vence licitação em Limeira (07/11/2009)

A Hora Park venceu a concorrência pública para exploração do serviço de estacionamento rotativo de Limeira por mais cinco anos com valor estimado da contratação de R$ 9,3 milhões, conforme licitação. (...)

Pisca-pisca espião (18/11/2009)

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) começou a trocar parte das 144 lombadas eletrônicas da cidade. Além de flagrar motoristas que dirigem acima da velocidade máxima permitida ou tentam furar o (...)


Seja um associado Sindepark