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Por Jorge Hori*

O ano de 2015 se afigura como um ano de crise global da economia brasileira. O PIB crescerá pouco ou terá até mesmo uma evolução negativa, caracterizando uma recessão. A gestão das contas pública será restritiva e o Estado não terá condições de promover o desenvolvimento com base no seu poder de compra ou de financiamento.
Não terá condições de manter os benefícios fiscais, principalmente os dados à indústria automobilística. A venda de carros no mercado interno continuará caindo.
O governo Dilma se preocupa pouco e continuará se preocupando pouco com a evolução do PIB. Ademais, parece fazer parte dos que não aceitam o PIB como o indicador do desenvolvimento.
Preocupa-se um pouco mais, mas não muito mais, com a inflação. O que interessa é seu impacto sobre a renda do trabalhador.
A preocupação maior da presidente é com os níveis de emprego e de desemprego, que não são complementares, ao menos do ponto de vista estatístico.
O emprego é acompanhado pelas estatísticas do Ministério do Trabalho, mediante o Caged e se refere apenas ao movimento dos empregos celetistas. O desemprego é monitorado pelo IBGE, através do PNAD continuado, e só dá conta daqueles que na semana anterior estavam procurando emprego e não haviam conseguido. Os que têm trabalho por conta própria, os aposentados, assim como os que apenas estudam, ou os nem-nem - nem estudam nem trabalham - não entram na conta dos desempregados.
Nos últimos anos, apesar de um crescimento pífio do PIB, os empregos formais continuaram crescendo, ainda que em ritmo menor do que nos anos anteriores. E o nível de desemprego manteve-se baixo.
O primeiro se explica pela sustentação das atividades de serviço, entre eles o de estacionamentos, uma vez que a indústria tem apresentado sucessivas quedas no seu nível de emprego formal.
O segundo, pelo aumento do trabalho por conta própria, a retirada maior do mercado de trabalho, pelos aposentados e o retardamento dos jovens em ingressar no mercado.
Porém, com a continuidade do baixo crescimento global, a tendência é de um aumento da taxa de desemprego e uma perspectiva mais pessimista da sociedade com relação ao futuro.
As pessoas tenderão a reduzir os seus gastos, seja porque já perderam o emprego, ou porque acham que poderão perdê-lo.
Um dos primeiros cortes de algumas pessoas será o uso do automóvel, deixando-o em casa ou próximo a uma estação ferroviária (metrô ou CPTM) ou de um Terminal de Ônibus, utilizando-se do transporte coletivo. Com isso, economizariam o custo com os combustíveis e com o estacionamento.
Haverá um impacto sobre o trânsito, mas os congestionamentos não serão eliminados. Uma grande parte dos motoristas não paga diretamente o estacionamento, porque seu custo está embutido nas despesas condominiais. Continuarão usando o carro e estacionando nas garagens junto ao escritório ou loja onde trabalham. Eventuais mensalistas que têm ressarcimento da despesa também continuarão usando o estacionamento.
O impacto maior será sobre os avulsos. Com a perspectiva de desemprego, haverá uma redução dos clientes avulsos, principalmente nos estacionamentos de destino em torno de estações metroviárias. Já nos estacionamentos de origem poderá haver um aumento, desde que o seu custo seja relativamente mais baixo do que o dos estacionamentos de destino.
Como a prioridade do governo Dilma é o social e, dentro dele, os níveis de emprego, é de se esperar que ela adote medidas emergenciais para a sua sustentação, até que o mercado se ajuste à nova política econômica, volte a expandir as suas atividades e a contratação dos trabalhadores.
Sobre quais medidas poderão ser, discorreremos num próximo artigo.
A preocupação maior dos estacionamentos deverá ser localizada, com monitoramento dos empregos nos edifícios onde estão instalados e na região.
Numa situação de crescimento econômico, a desocupação das salas e conjuntos tende a ser estável. Quando uma empresa se muda, outra chega logo depois. Quando uma empresa reduz o seu quadro de empregados, desocupando alguma área ou se mudando para outro local, o espaço fica mais tempo desocupado, com menos pessoas, o que se reflete na demanda do estacionamento.
O primeiro impacto é dos condôminos e dos mensalistas. O segundo é dos avulsos que frequentavam a empresa para reuniões, serviços eventuais e outros.
O caminhão de mudança, com a saída, passa a ser o grande "fantasma" para o estacionamento. O de chegada representa o alívio ou a expectativa de maior demanda.
Diversamente do que ocorreu anteriormente, as empresas terão de ficar muito atentas ao movimento do entorno para dar respostas rápidas, antes que o quadro se deteriore.


* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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