A estratégia para garantir as disputadas vagas públicas da Oscar Freire foi flagrada pela Folha dia 17 de outubro, 11 dias após a polícia fazer uma blitz na Vila Madalena para flagrar carros sob responsabilidade de valets que são parados nas ruas - manobristas reservam vagas com cones.
Por volta das 13h, um Fiat Uno estava parado quase um metro e meio à frente de um Honda City, ambos com o cartão Zona Azul, na altura do número 700 da Oscar Freire.
Se estivessem parados corretamente, um terceiro veículo caberia ali facilmente.
Enquanto os clientes foram às compras, manobristas da empresa Evan Park ficaram com as chaves dos veículos e colocaram as folhas de Zona Azul. Com a chegada de um novo cliente, o que estava estacionado era deslocado.
Após a Folha constatar a irregularidade, um fiscal da CET pediu que o manobrista colocasse os carros de maneira correta. Foi atendido.
Funcionários de estabelecimentos vizinhos disseram à reportagem que a estratégia é usada diariamente. As infrações se repetem assim que os agentes de trânsito viram as costas. "Eles dominam as vagas", disse o segurança de uma loja com estacionamento próprio. Já os manobristas dizem que a distância serve para evitar colisões.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou que 45 veículos foram removidos por estacionamento ilegal nos últimos 90 dias na Oscar Freire. De janeiro a setembro, 2.161 foram multados, mas nenhum deles por ocupar mais de uma vaga, pois a lei de trânsito não prevê punições para a prática.
Outro lado
Os manobristas negam que façam reserva de vagas. Segundo o dono da Evan Park, que se identificou apenas como Evangelino, os carros são parados nas ruas por exigência de alguns clientes. "Eles reclamam quando colocamos os carros nos nossos estacionamentos porque o carro demora até 20 minutos para voltar por causa do trânsito. Mas são clientes que chegam ali e saem rapidamente", afirmou.
Evangelino diz que coloca a maioria dos carros nos estacionamentos e só deixa os veículos nas ruas quando os clientes exigem.
Sobre o espaçamento maior entre um carro e outro, ele diz que é para evitar que carros com engates danifiquem os que estão estacionados durante as manobras. "Não é nem vantagem para mim parar na rua, já que, se ocorrer uma batida, o seguro não cobre", disse.
Fonte: Folha de S. Paulo, 19 de outubro de 2011