Este é um começo, mas foram muitas as tragédias provocadas por bêbados no fim de semana. Ao todo, 14 pessoas morreram em dez acidentes de trânsito no estado. Especialistas defendem mais rigor na fiscalização e na lei.
Não precisa soprar. Basta o motorista conversar com o policial que o novo bafômetro indica se ele bebeu ou não. O dono de um carro foi flagrado na blitz.
De sexta (21) a domingo (23), a polícia de São Paulo prendeu 53 pessoas que dirigiam embriagadas em operações entre 22h e 6h.
Mas o acidente mais grave do fim de semana aconteceu depois desse horário. O bancário Fernando Mirabelli foi parar na cadeia depois de atropelar três jardineiros que trabalhavam em um canteiro da Marginal Pinheiros. Ele se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas o exame clínico constatou sinais de embriaguez.
A garçonete Meire Miranda, que teve fraturas no fêmur esquerdo e no direito, é outra sobrevivente. Ela, o noivo e um amigo foram atropelados em um ponto de ônibus por um rapaz de 20 anos que não tinha nem carteira de habilitação. "Quando ele falou comigo, eu senti cheiro de bebida", disse.
Para evitar novos acidentes desse tipo, os especialistas defendem a ampliação da fiscalização, inclusive para dias úteis. Alguns acham que isso não é suficiente e sugerem mudanças para tornar a lei mais severa. É o caso de Luiza Nagib Eluf, procuradora Ministério Público de São Paulo. Quando ela estava grávida de sete meses, foi vítima de um motorista embriagado que bateu no carro dela.
"Eu entrei em coma, tive fratura craniana, quebrei cinco costelas estando grávida, tive várias fraturas pelo corpo e meu marido teve fraturas expostas. Eu levei um ano para me recuperar deste acidente, e o sujeito simplesmente foi absolvido naquela época. Meu filho nasceu, mas eu poderia ter perdido essa criança", contou a procuradora.
Luiza Nagib Eluf quer punição para quem não faz o teste do bafômetro. "Nós precisamos, talvez, mudar a lei nesse aspecto para que a pessoa que se negue a fazer o teste seja presumida alcoolizada", disse a procuradora.
A proposta do presidente da comissão de trânsito OAB de São Paulo, Maurício Januzzi, é pena de cinco a oito anos de prisão para o motorista que bebe e mata. Ele defende que toda blitz tenha um médico legista.
Metade dos acidentes que aconteceram no estado de sexta a domingo foi causada por motoristas com sinais de embriaguez. São acidentes como em Sumaré, no interior do estado, que deixou pai e filho mortos. O carro em que eles estavam foi atingido na traseira por outro veículo, dirigido por um motorista bêbado. Ele pagou fiança e foi liberado.
Fonte: programa Bom Dia Brasil (Rede Globo), 24 de outubro de 2011