A ideia é que o aparelho, que tem oito hélices e mede 85 centímetros de diâmetro, monitore o tráfego e, caso detecte problemas, como acidentes ou ruas inundadas, envie as informações por meio de conexões sem fio.
A transmissão poderia ser feita para os próprios automóveis em circulação ou para órgãos como a Defesa Civil das cidades, por exemplo.
O cientista da computação Jó Ueyama, coordenador da pesquisa da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que a aposta da equipe é que os micrócopteros, como são chamados, comuniquem-se principalmente com os próprios veículos nas ruas.
Os carros já estão saindo de fábrica com tecnologias de internet sem fio, como as redes 3G.
"Isso ajudaria os motoristas a procurar caminhos alternativos imediatamente", afirma Ueyama.
O "cérebro" dos microcópteros não é muito diferente do processador de dados de um smartphone comercial.
Programas
Mas é possível embutir no aparelho programas de processamento de imagem que o ajudem a diferenciar, de forma automática, uma situação normal de trânsito de outra problemática, disse o mestrando Heitor Freitas.
"Ele [microcóptero] conseguiria calcular se a velocidade do tráfego está lenta demais ou detectar que um veículo sofreu um acidente porque suas rodas estão viradas para cima", afirmou.
Do mesmo modo que um smartphone comum pode sugerir aos motoristas um caminho pelas avenidas da cidade utilizando um aplicativo de mapas, também é possível enviar o microcóptero num voo autônomo determinando pontos de chegada e partida.
Depois disso, ele traça seu próprio caminho.
A nave alcança velocidades de até 60 km/h e altitudes de 400 m. O voo é relativamente silencioso porque o seu motor é elétrico.
A equipe da universidade também está integrando a utilização do microcóptero a outro projeto, que usa sensores no fundo dos córregos do centro de São Carlos para tentar antecipar enchentes.
O problema é crônico na área, principalmente perto do shopping da cidade.
Sensores
Já há seis sensores debaixo dágua hoje, os quais levam em conta a pressão da água (quanto mais cheio o córrego, maior a pressão) para disparar alertas.
Atualmente, esses dados são transmitidos por meio de redes sem fio.
"Mas eventos extremos, como um temporal, podem atrapalhar essa transmissão. Nesses casos, o microcóptero seria a chamada mula de dados, carregando informações entre um ponto e outro, porque ele voa na chuva também", afirmou Ueyama.
Hoje, a equipe já consegue prever as enchentes com antecedência de aproximadamente 20 minutos com a utilização dos sensores do fundo dos rios.
Fonte: Folha de S. Paulo, 25 de janeiro de 2014