Também relevante é a importância das feiras para a economia da cidade, uma vez que movimentam R$ 2,4 bilhões por ano, segundo informações da SPTuris (São Paulo Turismo). Por tudo isso, São Paulo figura na 28ª posição no ranking da International Congress & Convention Association (ICCA), que avalia os principais centros mundiais de exposição de negócios.
Dos tradicionais aos mais avançados, o calendário de feiras é tão diversificado quanto o das cidades de maior expertise no ramo em todo o mundo - como por exemplo Viena, na Áustria, e Berlim, na Alemanha. O problema é que a capital paulista tem um diferencial negativo: o trânsito. Como os principais pavilhões de exposição estão situados no eixo das marginais Tietê e Pinheiros e da avenida dos Bandeirantes, vias com congestionamento crônico, quase todas as feiras ajustaram o horário de abertura para depois das 11h, quando o trânsito já não é tão intenso e o rodízio de veículos já terminou. O término também foi estendido para depois das 20h30.
"Organizamos os horários de abertura e fechamento para não baterem com o rodízio. Assim, o público que sai da feira já pode circular com o carro e encontra o trânsito melhor", afirma Juan Pablo De Vera, presidente da Reed Exhibitions Alcantara Machado, que organiza o Salão do Automóvel e a Bienal Internacional do Livro entre outras grandes feiras. "É melhor fazer as feiras de segunda a quinta-feira para evitar a sexta-feira, que é um dia de trânsito mais carregado, ou de terça a sábado, que é mais livre e tem um público mais qualificado", afirma.
Oferecer traslados de vans e micro-ônibus para o percurso entre as estações de Metrô e os pavilhões é uma estratégia cada vez mais adotada pelos organizadores e aceita pelo público.
Das cerca de 70 mil pessoas que foram à feira de calçados Francal em 2013, no Anhembi, quase 40 mil utilizaram o serviço, estima Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal Feiras e Empreendimentos, que tem previstas outras 11 feiras em São Paulo neste ano.
Esse serviço também fez sucesso entre os 48 mil visitantes e 600 expositores que foram à Intermodal South America em 2013. Considerada a 2ª maior feira do mundo para os setores de logística, transporte de cargas e comércio exterior, a Intermodal é realizada em abril no Transamérica Expo Center. "Essa é uma feira de logística onde a logística é difícil. No ano passado, colocamos vans saindo dos principais pontos da região para facilitar o acesso e teve boa procura", afirma Mônica Araújo, coordenadora de marketing da UBM Brazil, que fará 12 das 13 feiras programadas para este ano em São Paulo.
Outro motivo para deixar o carro na garagem e adotar o transporte público para ir às feiras é a carência de vagas nos estacionamentos, além do preço das diárias. "No ano passado fizemos uma feira de máquinas de construção pesada, no Centro de Exposição Imigrantes, que não teve espaço de estacionamento. Foi tudo vendido para a exposição. Cerca de 80% das pessoas tiveram de ir até lá de transporte público", conta Evaristo Nascimento, da Nascimento Festas e Eventos, que atua no mercado há mais de 40 anos.
A restrição de horário para grandes caminhões circularem em São Paulo faz com que a montagem e desmontagem dos eventos e exposições acabem varando a madrugada. "O trânsito representa 14% no custo geral da feira", afirma José Roberto Sevieri, diretor do grupo Cipa Fiera Milano, que fará 32 eventos na capital paulista neste ano, entre eles a Reatech, que deve receber cerca de 60 mil pessoas no Pavilhão Imigrantes, e a Pet South America, no Anhembi. "A exceção que a CET dá para caminhões que montam feira é muito pequena. Para cumprir prazos, temos que trabalhar à noite, o que gera um custo adicional com a contratação de bombeiros, funcionários para limpeza e equipes médica e de enfermagem. São dez dias com o pavilhão funcionando 24 horas sem parar", afirma Sevieri.
O grupo também trabalha com uma rede de hotéis que ficam nas proximidades das estações de Metrô para que os expositores e visitantes possam se locomover com as vans disponíveis no evento.
O mercado de feiras de negócios tem crescido de 5% a 6% por ano e deve continuar em alta nos próximos anos, segundo o gerente de marketing e planejamento de vendas da SPTuris, Gilberto Carvalho.
Fonte: Valor Econômico (SP), 24 de janeiro de 2014