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Em maio de 1946, os carros das três grandes de Detroit - General Motors, Ford e Chrysler - ainda eram modelos pré-guerra com retoques visuais. A renovação chegou mais rápido por um fabricante menor, de South Bend, Indiana. A nova linha Studebaker era a primeira 100% inédita. Obra de Virgil Exner e Robert Bourke, os Stude 1947 se tornaram clássicos do design automotivo.
A Studebaker surgiu em 1852, da união de cinco irmãos com esse sobrenome - John, Clement, Peter, Jacob e Henry - para fabricar carruagens, carroças e equipamentos. Meio século depois iniciavam a produção de automóveis elétricos, que mais tarde passariam a utilizar motor a gasolina. Foi o único fabricante nos EUA a acompanhar a transição das carroças aos veículos motorizados.
Na década de 1930, a marca voltava a se interessar por uma experiência mal-sucedida no passado: fabricar carros mais simples e baratos. Iniciado em 1935, era concluído em quatro anos o projeto do Champion, visando um modelo econômico, mas confortável e de bom desempenho. Os desenhos interno e externo ficaram a cargo de Raymond Loewy, que se tornaria famoso entre outros trabalhos por reestilizar a garrafa da Coca-Cola.
O Champion de 1939 foi um sucesso. Mais leve que os carros americanos de então, consumia menos, era mais barato que qualquer 6 cilindros da concorrência e oferecia itens de conveniência apreciados, como um sistema de aquecimento do interior. Sua introdução representou um aumento de quase 100% na produção da Studebaker, chegando a 72 mil unidades naquele ano e tornando-a o maior fabricante independente de automóveis dos EUA. Mas a Segunda Guerra Mundial estava começando e, com ela, as encomendas de caminhões para a França, Holanda e Bélgica, que os adaptavam para fins militares.
No início de 1941 o governo americano contatou os fabricantes locais para produzir veículos militares. À marca de South Bend coube fornecer caminhões e motores aeronáuticos, tendo a produção de carros sido interrompida em janeiro de 1942, pouco após o ingresso americano no conflito. Entretanto, a empresa demonstraria dinamismo ao iniciar, já no ano seguinte, o projeto de retornar à fabricação de automóveis - e não só de velhos modelos pré-guerra, mas de um carro realmente novo.
Em dezembro de 1945 era lançado o Skyway Champion 1946, nada mais que uma reedição do antigo modelo. A verdadeira novidade chegava quatro meses depois: o Champion 1947, apresentado com o mote "de longe a primeira com um carro pós-guerra" - como se sabe, outras marcas demoraram a lançar carros realmente novos após o conflito.
A novidade surpreendia pelas linhas modernas: os pára-lamas estavam integrados ao corpo principal e algumas versões tinham vidro traseiro bastante envolvente, gerando o curioso comentário de que não se sabia se o carro estava indo ou vindo... As portas traseiras eram do tipo "suicida", articuladas atrás.
Os americanos o compraram como pão quente, levando a Studebaker a uma posição de lucro e prosperidade que há muito não via. A grande demanda exigiu o aumento da produção.
Na linha 1950 era lançado novo desenho frontal, conhecido como bullet-nose, ou nariz-bala, em alusão ao elemento central do capô que parece uma bala pronta a ser disparada. Embora algo semelhante já existisse no Tucker Torpedo de 1948 e no Ford 1949, os historiadores atribuem mesmo à Studebaker sua criação: a equipe de Loewy já construíra um protótipo com a "bala" em 1943 e dois membros do grupo, Robert Bourke e Holden Koto, seriam os responsáveis por aplicá-la ao Ford anos depois.
Em 1950, a Studebaker atingia 268 mil unidades, a maior produção anual de sua história. Além de recursos como freios auto-ajustáveis e suspensão dianteira com molas helicoidais, o carro oferecia a caixa automática denominada Automatic Drive, ou condução automática, desenvolvida pela Borg-Warner. Sua peculiaridade era eliminar a ação do conversor de torque a partir de 93 km/h, tornando solidária a ligação motor-rodas motrizes - algo bastante comum hoje, mas era 1950!
No ano seguinte chegava um novo motor, seu primeiro V8 de válvulas no cabeçote. Aplicado ao Commander 1951, uma versão mais luxuosa do Champion, tinha 3,8 litros de cilindrada e potência bruta de 120 cv a 4.000 rpm. Os americanos, mais uma vez, aprovaram a novidade e fizeram um bom ano para a marca.
Uma nova carroceria aparecia em 1952, ano do centenário da empresa, com o lançamento do Commander Starliner. Um conversível era escolhido como carro-madrinha (pace car) da famosa 500 Milhas de Indianápolis. Mais tarde, em 1959, viria o compacto Lark. Em 1964 a produção da empresa era transferida ao Canadá e em 1966 encerrada, permanecendo apenas o carro esporte Avanti nas mãos de terceiros.
O criador
Um dos designers mais laureados do auge de Detroit, Virgil Exner saiu em 1949 da Studebaker para criar na Chrysler alguns dos carros mais inovadores dos anos 50.
Fontes: revista Quatrorodas e site Best Cars, outubro de 2010

Categoria: Mundo do Automóvel


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