"A última oferta foi R$ 200,00 que me ofereceram. Eu estou alugando porque nós somos os primeiros moradores desse prédio e a nossa amizade é muito grande", disse o aposentado Antonio Zuchini.
Fábio nem pensa em oferecer mais, porque já gasta muito para deixar os carros parados.
"Entre aluguel aqui, aluguel no escritório e na faculdade da minha filha, são R$ 390,00 por mês", contou.
Nos últimos dez anos a cidade ganhou quase 1,7 milhão de veículos. Mas nas garagens dos apartamentos e escritórios só foram construídas 560 mil vagas, segundo um levantamento de consultores imobiliários.
No Centro da cidade é mais difícil ainda ter um lugar para estacionar o carro. O movimento é maior e as construções são antigas, da época em que cada família tinha no máximo um carro. Vaga na garagem de alguns edifícios é artigo de luxo.
Edifício Copan, 1.160 apartamentos, 5 mil moradores, 221 vagas. Nesse prédio, uma quitinete vale R$ 80 mil. Uma vaga, R$ 55 mil. "É muita gente querendo comprar, e pouca gente querendo vender. Quando aparece um vendedor, na hora ele vende", contou o síndico Affonso de Oliveira.
O problema é tão crítico que na Avenida Paulista, um dos metros quadrados mais valorizados de São Paulo, terrenos muito bem localizados funcionam há anos como estacionamentos. E dão lucro. Uma hora parado custa R$ 8,00, R$ 10,00, R$ 17,00.
"Fiquei 2 horas parado e paguei R$ 18,00. Eu acho muito caro. Mas não tem onde parar", disse o vendedor César Assay.
Ione paga por mês: R$ 220,00. Diz que não tem outra opção. "Como eu saio muito tarde do escritório, e o prédio é aqui do lado, é uma questão de segurança", acredita ela.
Fonte: Jornal Nacional, 15 de setembro de 2009