Quanto maior, mais tecnologia instalada
Estacionamentos nas grandes cidades é uma realidade e não por acaso. A cada dia as ruas recebem mais e mais veículos. A frota não para de crescer. O Sindepark (Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos de São Paulo) estima que só no Estado de São Paulo existam 11 mil estacionamentos, com um milhão de vagas. Esses estabelecimentos geram uma média de 40 mil empregos diretos e atendem a cerca de 90 milhões de veículos por mês. Só no Estado circulam 17.583.419 veículos. Só a cidade de São Paulo comporta 10 mil estacionamentos, com a oferta de 900 mil vagas. São 70 milhões de veículos atendidos mensalmente, parte de uma frota de 6.932.739 veículos.
O estacionamento comercial rotativo apresenta nível de crescimento acelerado e não está a salvo de ações criminosas. E quando não conta com equipamentos de monitoramento, esses crimes ganham a cumplicidade do anonimato. O presidente do SINDEPARK, Marcelo Alvim Gait, enfatiza que a criminalidade ataca todos os segmentos comerciais. "Sou empresário há 26 anos nesse setor e vi a criminalidade avançar em todos os segmentos. Como em outras atividades, sofremos com a falta de segurança." Também advogado, Marcelo Gait não acredita que o aumento vertiginoso de veículos nas grandes capitais e a procura cada vez maior por vagas possam comprometer a segurança nos estacionamentos comerciais. "O segmento tem investido muito em segurança eletrônica."
Ele também esclarece que outras ações são adotadas com relação a estabelecer mais segurança nos empreendimentos. "Há mais de dez anos promovemos palestras e workshops voltados para o assunto. Nessas ocasiões, chamamos delegados de polícia, autoridades públicas da área de segurança, empresas especializadas no assunto, bem como patrocinamos eventos para discutir o que ocorre e quais medidas de segurança podem ser adotadas para cada tipo de caso. Buscamos fazer um trabalho preventivo, por meio da prática de procedimentos para mitigar as ocorrências", informa Gait. Questionado quanto às diferenças dos empreendimentos brasileiros, comparados com os demais, o presidente da entidade destaca: "No Brasil, basicamente 99% da oferta de vagas é da iniciativa privada. Já em muitos países da Europa, por exemplo, existem dezenas de garagens subterrâneas, ofertadas pelo poder público". Gait faz questão de frisar que o foco dos estacionamentos comerciais brasileiros está na segurança dos veículos. "Não temos como cuidar da segurança de pessoas. Aprimoramos alguns procedimentos que possam minimizar os riscos, como iluminar bem todas as áreas e treinar os funcionários ante a atitude de pessoas suspeitas."
Empreendimento pode ser alvo de custosas ações de responsabilidade civil
Antônio Celso Ribeiro Brasiliano, especialista em segurança, relata uma experiência americana no planejamento e controle da segurança nos estacionamentos de empresas e em empreendimentos com acesso ao público em geral. De acordo com ele, no planejamento de segurança, as empresas ou os empreendimentos subestimam a importância de um estacionamento, em vez de focalizá-lo como uma das construções e fazendo parte integrante do patrimônio da empresa. "As empresas e os empreendedores precisam aprender a ver o estacionamento não como um apêndice da empresa, mas sim como uma propriedade de significativa importância e que requer cuidados especiais, principalmente por causa de seu potencial de levar a empresa a incorrer em custosas ações de responsabilidade civil."
Teste límbico também pode ser aplicado nos estacionamentos brasileiros
Uma boa maneira de informalmente avaliar a percepção de segurança do usuário no interior de um estacionamento é o teste límbico. Teste límbico é baseado na sensibilidade do indivíduo, na sensação límbica de medo que ele possa sentir. Nos Estados Unidos, ele é muito empregado como forma de projetar medidas de segurança para o público em geral. Segundo Antônio Celso Ribeiro Brasiliano, o teste é feito da seguinte forma: quando alguém fica no interior do estacionamento, poderá sentir medo? "Para responder a essa pergunta, gerentes de segurança precisam observar ou questionar usuários, especialmente à noite, ou pedir para alguém que nunca tenha estado no estacionamento para atravessá-lo a pé e descrever como se sentiu em seus diversos locais." Em colocações minuciosas, esse tipo de informação colhida é duplamente importante, porque à parte da responsabilidade, a atmosfera do estacionamento também afeta a parte mercadológica.
Marcelo Alvim Gait, presidente do SINDEPARK, afirma que é relativamente fácil aumentar a sensação de segurança na óptica do usuário. "O ideal é deixar as regras bem claras, manter uma comunicação visual bem explicativa, colaboradores devidamente identificados por crachás e utilizar empresas filiadas ao SINDEPARK e Abrapark." Para ele, o usuário pode contribuir para fazer do estacionamento comercial um ambiente mais seguro. "É importante esclarecer que, como em todo o setor, existem as boas e más empresas. O consumidor pode e deve distinguir essas empresas. Para tanto, basta ficar atento, prestando atenção nos detalhes, como nome dos funcionários que estacionam o seu veículo (deixando claro que ele sabe quem estacionou o veículo). Também é importante questionar se o estabelecimento tem algum tipo de serviço guarda-volumes (algumas empresas oferecem esse serviço para guarda de laptop, GPS, celular, dinheiro), principalmente quando o veículo será estacionado na rua ou em outra garagem", relata Gait.
Projeto de segurança
Os entrevistados dessa matéria são unânimes quanto ao fato de que cada estacionamento merece um planejamento específico, único. Vários fatores gerais devem ser considerados no mínimo como um ponto de partida, no qual será desenvolvido um plano específico para cada empreendimento. Entre os itens a serem considerados estão a prevenção de crimes pelo design do estacionamento, vigilância, iluminação, CFTV, treinamento, telefones de emergência, alarmes pessoais e sinalizações.
Fonte: Revista Security (SP), dezembro de 2012