Periodicamente, instituições ou empresas de âmbito internacional fazem pesquisas sobre as cidades mais caras do mundo.
Com a instabilidade cambial brasileira, com a crise mundial, a posição das cidades varia muito em função do período em que é feita.
Pesquisa realizada pelo Economist Intelligence Unit (EIU), em março de 2009, apontou Tókio como a cidade mais cara do mundo, superando Osaka, também japonesa, ficando Paris (França) em terceiro lugar, seguida de Copenhage (Dinamarca), Oslo (Noruega) e Zurique (Suíça). Londres (Inglaterra) teria passado da oitava posição para a 27ª. Moscou (Rússia) nem é citada na reportagem publicada pelo UOL (09/03/2009).
Na América do Sul, Caracas (Venezuela) teria o maior custo de vida, passando do 35º lugar para o 21º, mais cara que as norte-americanas Chicago, Los Angeles e Nova York.
São Paulo e Rio de Janeiro estavam empatadas em 83º lugar, entre 132 cidades pesquisadas.
A pesquisa da Mercer, divulgada em julho de 2009, confirma Tókio como a cidade mais cara. Só que, no caso, para os "expatriados", ou seja, para os funcionários estrangeiros das empresas sediadas nas respectivas cidades pesquisadas.
No Brasil, São Paulo é a cidade mais cara, mas caindo da 25ª posição para a 72ª, e o Rio de Janeiro do 31ª para o 73º lugar. O que, provavelmente, decorre da valorização do real no período da pesquisa.
Agora, com o dólar em torno de R$ 1,80, teria voltado a subir.
A capital da Venezuela, em função dos mesmos fatores cambiais, subiu para a 15ª colocação, sendo a cidade mais cara da América do Sul, para os expatriados.
Já a pesquisa feita pela Colliers International, especificamente sobre estacionamentos, aponta o Centro de Londres como o local com a vaga mais cara do mundo: US$ 1.020,23. O bairro inglês de West End fica em segundo lugar com US$ 955,51.
Segundo essa pesquisa, na América do Sul, Bogotá (Colômbia) teria a vaga mais cara (US$ 280,00), seguida de Buenos Aires, na Argentina (US$ 150,00), Lima, no Peru (US$ 145,00), São Paulo (US$ 140,00) e Santiago do Chile (US$ 140,00).
A vaga de São Paulo ficaria em 65º lugar entre 140 cidades pesquisadas.
A notícia sobre a pesquisa não diz qual local da cidade foi considerado, tampouco o momento da pesquisa.
No comentário sobre o levantamento, o Bom Dia Brasil, da Rede Globo, aponta os preços de estacionamentos em São Paulo entre R$ 140,00 e R$ 262,00. E no Rio de Janeiro, até R$ 550,00. Como mensalidades.
Em junho, esses valores, convertidos a R$ 2,00 o dólar, significariam entre US$ 70,00 e US$ 131,00 em São Paulo. E, no Rio de Janeiro, US$ 275,00. Com o dólar em queda, o valor de São Paulo ficaria mais próximo dos US$ 140,00, captados pela Colliers.
Apesar dessas variações, o que se pode inferir é que o estacionamento em São Paulo é mais caro que outros itens, para os expatriados, mas mais barato para os moradores.
Ou seja, para quem ganha em dólar o valor do estacionamento seria mais caro que outros itens, igualmente pagos em dólares, comparativamente a outras cidades.
Já para os moradores ocorreria o contrário. O estacionamento seria relativamente mais barato.
Esses não teriam, no entanto, uma comparação real, pois não usariam os serviços entre diversas cidades, diferentemente dos expatriados. As comparações seriam meramente ilustrativas.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.